Produto digital é voltado a alunos dos ensinos fundamental e médio

Publicado originalmente em Beira do Rio UFPA. Para acessar, clique aqui.

Por Bruno Roberto  Imagem Captura de Tela

Os avanços tecnológicos abriram um mundo de possibilidades na área da educação ao disponibilizar plataformas e ferramentas para produzir e consumir conteúdo. As videoaulas são um exemplo de inovação na dinâmica educacional, porém toda tecnologia precisa ser utilizada em conjunto com uma didática efetiva para garantir o aprendizado.

Ao descobrir que possuía uma doença degenerativa que poderia torná-lo surdo, o professor de Física Daniel Marques da Silva Costa fez cursos de motion design e efeitos especiais para tornar suas aulas visualmente atrativas. “Por mais que eu fizesse uma aula espetacular, notava que os alunos não transformavam em aprendizado o interesse que eles demonstravam. Eu conseguia medir isso com a aplicação de questionários”, relata o professor.

Com essa experiência, Daniel Costa produziu uma série de animações computacionais e um livro paradidático digital utilizando princípios da Teoria Cognitiva da Aprendizagem Multimídia (TCAM), com o objetivo de avaliar se a TCAM aumentaria a eficiência da ferramenta visual. O produto foi resultado da dissertação Ciência animada: introdução ao estudo da Óptica, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Docência em Educação em Ciências e Matemática (PPGDOC/IEMCI) da UFPA, sob orientação dos professores Danilo Teixeira Alves e Silvio Carlos Ferreira Pereira Filho.

Com destino a estudantes dos ensinos fundamental e médio de Ciências Naturais, as animações e o livro digital estão disponíveis no canal do YouTube chamado “Ciência Animada” e abordam o assunto “Óptica”. O livro, produzido com base nas animações, permite que o aluno analise as cenas de forma estática e acesse os vídeos utilizando hyperlinks.

O produto educacional foi aplicado em um colégio particular de Belém (PA) por meio do método da sala de aula invertida. Os alunos eram instruídos a ler o livro didático da instituição de ensino e também acessar conteúdo produzido pelo autor da pesquisa. Posteriormente, o pesquisador realizava atividades em que os estudantes eram protagonistas, como mapas mentais, jogos e aulas elaboradas pelos próprios discentes. “Os resultados foram ótimos, com índice de acerto acima de 80% nas provas”, revela Daniel Costa.

Foco é aperfeiçoar o processo de aprendizagem

O processo de aprendizagem está relacionado à memória, pois ela participa da codificação, da recuperação e do armazenamento das informações. A Teoria Cognitiva da Aprendizagem Multimídia utiliza o modelo de memória de trabalho, que apresenta uma capacidade limitada em manipular informações. Diante dessa limitação e dos processos cognitivos necessários para lidar com um material didático, a TCAM segue doze princípios, cujo foco é aperfeiçoar o aprendizado do aluno. Entre eles, estão:

1. Coerência: Busca excluir palavras, imagens, sons e símbolos irrelevantes de uma apresentação multimídia. As animações têm um design minimalista e não há música de fundo.
2. Sinalização: Recomenda destacar os pontos relevantes para que o aluno entenda a estrutura do material didático. A sinalização deve ser feita de forma moderada. O pesquisador utilizou semicírculos vermelhos e destacou palavras nas animações e no livro digital para guiar o foco do espectador/leitor.
3. Redundância: Propõe eliminar material redundante para que não seja necessário processar o mesmo elemento mais de uma vez. A animação evitou legendas longas de frases narradas.
4. Segmentação: Sugere apresentar o conteúdo de forma fragmentada, com o intuito de dar controle ao usuário. Daniel Costa produziu várias animações com a duração máxima de 10 minutos, organizando-as em listas no YouTube. Assim, o aluno pode gerenciar seu ritmo de estudo.
5. Personalização: A aula precisa ser direcionada ao estudante por meio da linguagem. Deve-se usar “você”, em vez de pronomes em terceira pessoa, e emitir comentários diretos ao aluno. No livro digital, o autor utilizou frases como “essa é uma propriedade que os carros da rua da sua casa não possuem”.
6. Voz: A narração deve ser feita com uma voz humana. O pesquisador narrou as animações com uma voz amigável e informal.

Beira do Rio edição 165

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