Publicado originalmente em Nujoc Checagem por Thalita Albano. Para acessar, clique aqui.
Desde o começo da pandemia do novo coronavírus, inúmeros foram os “tratamentos” sugeridos para cuidados com a doença e prevenção da mesma. Alguns aprovados e recomendados pela Organização Mundial de Saúde, outros, receitados por médicos que desafiaram o vírus invisível que tirou a vida de centenas de pessoas.
Recentemente, outro tratamento foi notícia nas redes sociais, jornais e portais de todo o mundo. E através do Instagram @terrabrasilnoticia, o Nujoc Checagem, em parceria com o aplicativo EuFiscalizo – da Fiocruz (disponível para Android e iOS) recebeu para análise a informação de que a OMS recomenda o uso de coquetel anticovid recebido pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Segundo a rede social, “a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou oficialmente um terceiro tratamento contra a Covid-19, o Reng-CoV2, um medicamento à base de anticorpos sintéticos. O remédio impede a replicação viral e ajuda a fortalecer o sistema imunológico. O tratamento é indicado para pessoas acima de 12 anos, que apresentem sintomas leves e moderados, mas que possuam comorbidades e tenham alto risco de hospitalização ou evolução para formas graves da doença como idosos e imunossuprimidos – como os que sofrem de câncer ou que se submeteram a um transplante”.
Analisando o material recebido e com a ajuda de informações veiculadas em portais como o G1.globo.com e Correio do Povo, o Nujoc Checagem constatou que trata-se de uma informação verídica. De fato, a OMS recomendou oficialmente um terceiro tratamento contra a Covid-19: o Regeneron, um medicamento a base de anticorpos sintéticos.
Como destacado na legenda da publicação feita pelo Terra Brasil Notícias, o tratamento é recomendado para pacientes com sintomas não severos da Covid-19 e com alto risco de hospitalização, a exemplo de idosos com problemas de imunodeficiência, que sofrem de câncer ou acabam de se submeter a um transplante.
Segundo o portal G1.globo.com, a decisão dos especialistas da OMS foi publicada na revista médica The BMJ. O ex-presidente americano Donald Trump recebeu este tratamento ainda em fase experimental quando testou positivo para a Covid-19, entre setembro e outubro de 2020 e se recuperou da doença sem sequelas.
O Regeneron é recomendado também para pacientes que apresentam “um quadro severo ou crítico e que são soronegativos, ou seja, que não desenvolveram sua própria resposta em anticorpos” à infecção. Segundo o The BMJ, “para todos os outros tipos de pacientes com Covid-19, é pouco provável que os benefícios aportados por este tratamento de anticorpos sejam significativos”, explicou a revista através de um comunicado.
Concebido pela empresa de biotecnologia Regeneron, o medicamento é comercializado com o nome Ronapreve pela Roche. Ele combina dois anticorpos, chamados “monoclonais”, fabricados em laboratório: o casirivimab e o imdevimab. Injetados por via intravenosa, ajudam a fortalecer o sistema imunológico. Como o produto tem um custo elevado e pouca disponibilidade, a OMS negocia com a Roche uma redução de preço, especialmente para países de renda média e baixa, sobretudo, após ONGs denunciarem nos últimos meses o preço do produto, avaliado em 1.700 euros a dose, ou seja, cerca de R$ 12 mil reais.
Ainda no ano passado, a Organização Mundial de Saúde já havia recomendado o uso sistemático de corticoides para pacientes severamente afetados pelo vírus. Em julho passado também aconselhou outra classe de medicamentos, os “antagonistas da interleucina 6” (tocilizumab e sarilumab), além dos corticoides.
É válido ressaltar que as novas orientações da organização se baseiam em resultados de pesquisas recentes que têm mostrado que o Ronapreve reduz o risco de hospitalização e a duração dos sintomas nos pacientes mais propensos à hospitalização e aos casos severos. Um estudo britânico também mostrou que os anticorpos “provavelmente” reduzem o risco de morte e de intubação. Além disso, é preciso destacar ainda que o Ronapreve não substitui a vacinação contra a doença, que até o momento, tem sido o único método comprovadamente eficaz contra a doença.