Violência política de gênero nas redes coloca em xeque papel intermediário das plataformas

Publicado originalmente em *Desinformante. Para acessar, clique aqui.

As plataformas como espaço neutro, que faz apenas a intermediação da conversa e conteúdos das pessoas, não é mais um entendimento aceitável. É preciso haver responsabilidade das empresas de tecnologia, na opinião das mulheres participantes da edição desta quinta-feira, dia 16, do Zoom na desinformação, evento do *desinformante para abrir o debate sobre temas relevantes para a sociedade. Nesta edição falamos sobre a violência política de gênero.

Participaram da conversa Clarice Tavares, coordenadora da área de Desigualdades e Identidades, do InternetLab, Letícia Sabbatini, pesquisadora do Laboratório de Comunicação, Culturas Políticas e Economia da Colaboração (coLAB-UFF), Ana Carolina Araújo,  gerente de jornalismo na revista AzMina e coordenadora dos projetos MonitorA – Observatório de Violência Política de Gênero. A mediação foi de Nina Santos, coordenadora geral do *desinformante.

Nina abriu o debate lembrando que o problema da violência de gênero está mais perceptível e que, no entanto, ainda é tratado em espaços restritos ao debate de gênero. Para Clarice Tavares, a desinformação é uma manifestação atualizada da misoginia, com impactos negativos na vida das mulheres. Ela lembrou que a violência que ocorre no âmbito digital tem impacto na vida real.

As convidadas lembraram do trágico assassinato de Marielle Franco, que mesmo após sua morte teve sua história e memória atacadas e distorcidas nas redes sociais. “A violência política e de gênero afasta as mulheres da vida pública. Muitos conteúdos falsos sobre Marielle ainda não foram retirados do ar”, constatou Tavares.

A coordenadora do MonitorA, Ana Carolina Araújo, relatou a dificuldade do diálogo com as plataformas digitais em relação a violências sofridas pelas mulheres nas redes sociais. “É como se não existisse e nós é que estivéssemos dando muito destaque para o tema”, revelou. Já a pesquisadora do CoLAB-UFF, Letícia Sabbatini, destacou a importância da responsabilização das bigtech e a necessidade de uma regulação para isso. “Da forma como está podemos dizer que as plataformas lucram com a misoginia, com o discurso de ódio. Os usuários não podem ser vistos como o problema”, afirmou.

Sabbatini integrou o grupo de pesquisadoras do CoLAB que lançou o Mapa da Violência Política de Gênero, em que foram analisadas 4 milhões de mensagens direcionadas a mulheres de destaque na política.

O zoom na desinformação é uma conversa online e aberta aos interessados. Alguns convidados e convidadas fazem falas iniciais e depois animamos para o debate com todos. Fiquem atentes para as próximas edições.

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