Publicado originalmente em Agência Escola UFPR por Breno Antunes sob supervisão de Chirlei Kohls. Para acessar, clique aqui.
A educação foi um dos vários setores afetados pela pandemia de Covid-19. As escolas e universidades passaram a adotar o ensino remoto, o que também foi um desafio, e estão retornando ao modelo presencial ou híbrido. Para ajudar professores e gestores das instituições da comunidade local, o Setor Palotina da UFPR (Universidade Federal do Paraná) desenvolveu ações para cerca de 15 escolas e 300 profissionais de ensino da região.
As atividades fazem parte do projeto de extensão “Organização do trabalho pedagógico e gestão escolar no contexto da Covid-19”, que é coordenado pela professora doutora Raquel Angela Speck, do Departamento de Educação, Ensino e Ciências (DEC), e também conta com a participação de Bruna Gimenes Ferreira, que é assistente social na UFPR, e Carlise Debastiani, diretora de uma das escolas beneficiadas.
Os trabalhos desenvolvidos envolveram lives com temas sobre o momento que vivemos para a educação infantil e o ensino fundamental, público-alvo do projeto. Também foi produzida uma cartilha orientando famílias sobre o acompanhamento das tarefas dos filhos em casa, auxílio nos estudos, acolhimento emocional e prevenção da infecção pela Covid-19. Os pesquisadores ainda participaram da produção e atualização do protocolo de retorno às atividades presenciais.
O projeto nasceu com a preocupação de compreender as necessidades e auxiliar as escolas a se reorganizarem frente às novas demandas colocadas pela pandemia, como o ensino remoto e híbrido; formação de professores para o uso de tecnologias; objetivos, conteúdos e avaliações; comunicação com alunos e famílias; e questões emocionais.
Para Raquel, as atividades foram uma forma importante de trazer esclarecimentos a partir de recomendações do Conselho Nacional de Educação. “Acredito que as ações puderam levar orientações aos professores e equipe pedagógica, pois as dúvidas foram gerais e para todos”.
Impacto na comunidade
O Colégio Terra do Saber, de Palotina, foi um dos beneficiados com as atividades. Para Carlise, diretora da instituição, o comportamento dos alunos e professores mudou desde a participação no projeto, principalmente na educação infantil. “Muitas vezes os professores têm dificuldades em editar vídeos, transmitir aulas, usar a questão tecnológica, e agora a maioria já consegue lidar com isso. As técnicas, alternativas e metodologias apresentadas ajudaram muito na organização e dinâmica das aulas”, afirma a educadora.
A professora Raquel foi convidada para fazer algumas palestras e formações por conta do contexto de pandemia, trazendo ações e modelos que deram certo para dentro da educação, e buscando atender a qualidade de ensino.
Para Vinícius Leal, que é psicólogo da escola e coordenador do programa “Escola da Inteligência”, que faz estudos socioemocionais na instituição, o projeto da UFPR foi eficaz em munir a escola e os professores, e consequentemente os alunos, de informações que tivessem cunho científico, que pudessem pautar novas ações.
“A gente se lançou melhor em recursos tecnológicos e para pensar estruturas que dessem conta do ensino remoto, como também na transição para o ensino híbrido. Colaborou para que criássemos um sistema para o próximo ano”.
Ainda segundo Vinícius, o projeto ajudou a melhorar a dimensão acadêmica, mas também a humana da escola. “Hoje a gente lida com a realidade de uma educação que está aquém do que poderia, muito abaixo dos níveis de aprendizado do presencial, muito mais ansiosa, mas ao mesmo tempo recursos como esse [o projeto da UFPR] nos ajudam a recuperar essas questões”.
Livro
Do projeto, nasceu um livro voltado para os professores, chamado “Manual de sobrevivência – Professores em tempo de pandemia – Reflexões sobre o trabalho pedagógico e saúde mental”, já que os membros do grupo perceberam que esses profissionais também necessitavam de atenção afetivo-emocional. A obra traz algumas ideias adquiridas ao longo dos trabalhos envolvendo a rede pública municipal, com apoio da Secretaria Municipal de Educação.
O livro tem autoria da pesquisadora da UFPR Dra. Raquel Angela Speck e da educadora Carlise Debastiani e está disponível aqui.
A obra é uma síntese dos temas abordados nas lives e também dos assuntos que vieram à tona nas imersões nas escolas. “Notamos, por exemplo, na interação com os envolvidos, que os professores estavam sentindo enorme esgotamento físico e mental, por não se sentirem preparados suficientemente para os novos desafios que se colocaram”, conta Raquel.
“O livro tem uma parte específica sobre essa temática, e vem no sentido de evidenciar que todos nós passamos por adaptações nesse momento e que nem tudo ocorre conforme o planejado”, acrescenta.
Novas ações
Raquel e Carlise agora estão escrevendo um segundo livro, que trata sobre a didática, com o título “Reinventando a didática em tempos de Covid-19?. Segundo Raquel, a intenção é buscar experiências que deram certo, de professores que estão fazendo a diferença durante a pandemia. Diferente do primeiro livro, que tem um toque de incentivo e motivação, o segundo traz uma perspectiva mais teórica e uma discussão mais fundamentada, de acordo com as autoras.
Além disso, novas ações devem ser organizadas junto às instituições para auxiliar as comunidades escolares diante de suas demandas, como rodas de conversa e orientações no contexto educacional da pandemia.
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