Organizações internacionais pedem rigor das redes sociais sobre discurso de ódio contra palestinos e israelenses

Publicado originalmente em *Desinformante por Matheus Soares. Para acessar, clique aqui.

Enquanto a guerra entre Israel e Hamas continua escalando sem previsão de cessar-fogo, tensionando ainda mais a relação entre os países do Oriente Médio, organizações internacionais pedem às plataformas digitais que atuem contra o discurso de ódio online em relação à população palestina e israelense. 

Um coletivo de 86 entidades, liderado pela Associação para o Progresso das Comunicações (APC, na sigla em inglês), lançou um apelo urgente às bigtechs para que elas respeitem os direitos digitais palestinos durante o conflito. A carta – assinada também por organizações como Intervozes, Artigo 19 e Global Witness – pede que as plataformas abordem os casos de incitamento e discurso violento e preconceituoso contra palestinos, principalmente em hebraico, que ganharam as redes como Twitter (ou novo X)e Telegram.

Ainda nos primeiros dias da guerra, por exemplo, o Centro Árabe para o Avanço das Mídias Sociais mapeou mais de 19 mil conteúdos de ódio e de incitação à violência em idioma hebraico contra a população da Palestina no Twitter/X. Nas postagens levantadas, o centro identificou a presença de desinformação, discriminação por gênero e por religião.

Já o Observatório Palestino para Violações de Direitos Digitais registrou, entre os dias 7 e 11 de outubro, 357 violações de direitos.  Desse montante, 128 casos foram de restrição de contas de ativistas e apoiadores palestinos e 229 de discurso de ódio que visaravam residentes de Gaza, pedindo, por exemplo, a destruição da região e o assassinato de civis.

A presença desses discursos de punição coletiva, segundo a APC, contribui para a desumanização e estereotipagem dos cidadãos da Palestina. Além disso, a organização pontuou a importância de combater a desinformação que inundou as redes nas últimas semanas sobre o conflito, o que “representa ativamente um grave risco para a narrativa em torno dos acontecimentos no território”.

“As plataformas de redes sociais devem reconhecer o seu papel vital na região, tornando-se mais inclusivas e implementando medidas de proteção para os seus utilizadores”, trouxe a carta. “Garantir que as plataformas de redes sociais estejam livres de discriminação contribuirá significativamente para uma compreensão mais abrangente do contexto dos acontecimentos no território”.

Por outro lado, a Liga Anti-difamação (ADL, na sigla em inglês), que busca deter a difamação do povo judeu, também pediu para que as plataformas reforcem a moderação de conteúdo para evitar o espalhamento de desinformação e discursos de ódio com foco em antissemitismo.

Em comunicado, a ADL listou sete recomendações às bigtechs, como o reforço de recursos de segurança (humanos e automatizados) para garantir a aplicação das próprias regras em relação ao discurso de ódio e à violência. “As plataformas precisam ser tão transparentes quanto possível com os usuários que denunciam conteúdo violador, incluindo a reversão de decisões caso ocorra moderação excessiva”, afirmou a organização.

Promoção de fontes de notícias confiáveis, garantir que nem pessoas nem plataformas lucrem com publicações de violência e implementação de práticas de crise também foram alguns dos pedidos levantados pela entidade.

Com o início da guerra e o aumento de desinformação e discurso de ódio com alvo em ambos os lados do conflito, as plataformas publicaram as ações que estão realizando para conter desinformação e ódio em seus respectivos ambientes. Ainda não é possível avaliar se as medidas serão eficazes para conter o fluxo desinformativo sobre o conflito.

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