Publicado originalmente em *Desinformante por Liz Nóbrega. Para acessar, clique aqui.
A Meta divulgou nesta quinta-feira (30) que identificou e desmontou o que nomeou de “maior operação de influência secreta multiplataforma conhecida no mundo”. De acordo com o Relatório de Ameaças da empresa, foram removidas 7.704 contas do Facebook, 954 páginas, 15 grupos e 15 contas do Instagram que violaram a política contra comportamento inautêntico coordenado ao usarem atividades falsas para promoverem pontos de discussão positivos sobre a China.
O comportamento inautêntico coordenado é entendido pela Meta como esforços coordenados para manipular o debate público para um fim estratégico, onde as contas falsas são centrais para a operação. Ou seja, o foco da operação é no comportamento e não no conteúdo compartilhado.
Na rede desmontada e divulgada nesta semana, o intuito era disseminar mensagens pró-China e sua província de Xinjiang, ao mesmo tempo em que espalhava críticas sobre Estados Unidos, sobre as políticas externas ocidentais e críticos do governo chinês, incluindo jornalistas e pesquisadores. A Meta informou também que foi possível vincular a operação a indivíduos associados às autoridades chinesas.
Além do Facebook e Instagram, foi possível rastrear essa atuação em mais de 50 aplicativos, X (antigo Twitter), YouTube, TikTok, Reddit, Pinterest, Medium, Blogspot, LiveJournal, VKontakte, Vimeo e outras plataformas menores.
“Embora a atividade dessa rede em nossa plataforma consistisse principalmente no compartilhamento de spam de links, além de memes e postagens de texto, nossa investigação identificou erros distintos notáveis, padrões de comportamento e estrutura operacional que nos permitiram conectá-la a vários grandes grupos de atividades mais complexos e de longa duração na Internet”, comentou a empresa no relatório.
A Meta destacou elementos que auxiliaram na descoberta, como o fato de os operadores dispersos compartilharem a mesma infraestrutura de proxy na Internet e a publicação do mesmo artigo muitas vezes em diversas contas em várias plataformas. Além disso, a rede às vezes postava seu conteúdo como respostas às postagens de outras pessoas, sem esforços aparentes para tornar as respostas relevantes. Como exemplo, a Meta mencionou uma conta do Quora respondendo à pergunta “Como faço para perder gordura da barriga através do levantamento de peso?” com o artigo “Contra a fraude em telecomunicações e online, a polícia chinesa fortalece a cooperação internacional na aplicação da lei”.
O engajamento das contas também chamou a atenção dos pesquisadores. A rede possuía pelo menos 560 mil seguidores nas páginas, mas acredita-se que provavelmente essa comunidade foi adquirida por operadores de spam – fazendas de cliques – com seguidores inautênticos principalmente do Brasil, Vietnã e Bangladesh. Nenhum dos três países eram considerados alvos dessas campanhas.
No mesmo relatório, a Meta também divulgou a derrubada de redes na Turquia, Irã e Rússia. O site Gizmodo destacou que a acessibilidade e o potencial de alcance das plataformas aumenta o uso delas para a manipulação de narrativas a partir de estratégias como o comportamento inautêntico coordenado. “Mas estas operações não se limitam apenas aos suspeitos de costume na China e na Rússia. No ano passado, pesquisadores da Meta e do Twitter descobriram pelo menos 39 perfis no Facebook e quase 300 mil tweets vinculados a uma ‘operação de influência secreta e pró-EUA’, com a intenção de espalhar narrativas pró-EUA na Rússia, China e Irã”, disse a reportagem.