Circula pelas redes sociais a informação de que o interventor federal na segurança pública do Distrito Federal, Ricardo Cappelli, teria confirmado a presença de infiltrados de esquerda nos atos golpistas registrados em Brasília no dia 8 de janeiro. Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que esse conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação?:
BOMBA: Interventor confirma “infiltrados” no ato de 8 de janeiro, em Brasília; VEJA VÍDEO”
– Texto que circula pelo WhatsApp
Falso
A informação analisada pela Lupa é falsa. Em uma coletiva de imprensa, Cappelli falava sobre supostos manifestantes treinados, “com conhecimento de táticas de combate”, que estariam entre os golpistas que depredaram as sedes dos três poderes na capital federal. Ao contrário do que a publicação sugere, o interventor não se referia à presença de infiltrados de esquerda nos atos, tese sem comprovação que se espalhou nas redes bolsonaristas.
O boato teve origem a partir de uma declaração dada por Cappelli na semana passada. No dia 16 de janeiro, o programa Prós e Contras, da Jovem Pan News, veiculou uma reportagem sobre a visita técnica do interventor a um batalhão. A repórter Luciana Verdolin disse que ele teria admitido que havia “pessoas infiltradas entre os manifestantes”, que não eram “manifestantes comuns”.
Durante a entrevista coletiva, Cappelli relatou que ouviu de militares que alguns manifestantes pareciam conhecer o terreno e táticas de combate, o que indicava que essas pessoas tinham “características profissionais”. Contudo, em nenhum momento o interventor afirmou que pessoas de esquerda teriam se infiltrado para tumultuar os atos do dia 8.
“Com relação à presença de profissionais, esse foi um depoimento que eu ouvi de um sargento e de um outro oficial que estava no campo. O sargento inclusive ferido com vários pontos na cabeça e ele declarou, ele falou: ‘Secretário, nós não estávamos enfrentando apenas manifestantes’. Ele falou: ‘Existiam homens no campo de batalha com conhecimento do terreno, com conhecimento de táticas de combate, com características profissionais, eram homens profissionais que estavam no meio dos manifestantes’. Esse é um depoimento, para nós, muito valioso e que a gente está apurando esse depoimento, tá? Faz parte da investigação, vai auxiliar na identificação das pessoas que cometeram os crimes inaceitáveis que nós, que o Brasil inteiro viu no dia 8”, disse o interventor.
No Twitter, Cappelli já indicou em outro momento que “golpistas treinados” poderiam ter participado dos atos em Brasília.
Após as manifestações golpistas, cresceu nas redes sociais a teoria de que infiltrados de esquerda teriam participado dos atos no dia 8 para depredar prédios públicos, alimentando uma “guerra fria” entre a esquerda e a direita. Na semana passada, a Lupa desmentiu a informação de que um “infiltrado do MST” teria depredado o relógio dado de presente a Dom João VI.
Essa informação também foi verificada pelo Aos Fatos.