Publicado originalmente em Rede Amazoom. Para acessar, clique aqui.
A jornalista discorreu sobre o tema “O Jornalismo Sob Ataque: a Indústria das Fake News e a Distorção do Princípio da Liberdade de Imprensa”.
Com o tema “Jornalismo e Código de Ética: por Direitos Humanos na Amazônia”, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Roraima (SINJOPER) promoveu durante todo o dia 15 de setembro, no auditório do PRONAT-UFRR o seu primeiro Congresso Estadual.
A abertura do evento ocorreu às 10h e a programação foi encerrada depois das 18h, com um cofeebreak servido aos participantes. Conforme o presidente do SINJOPER, Paulo Thadeu Franco das Neves, o Congresso faz parte da programação de aniversário de 31 anos do sindicato.
“Nosso primeiro Congresso é realizado em comemoração aos 31 anos do SINJOPER. É um congresso de formação, de debate. Tivemos uma pauta bem interessante: discutir a Amazônia, discutir direitos humanos. Nos dias atuais é uma ousadia promover um Congresso bem no meio desse tumulto social que nós vivenciamos”.
Mesa de abertura do I Congresso dos Jornalistas de Roraima.
“Tivemos uma pauta bem interessante: discutir a Amazônia, discutir direitos humanos. Nos dias atuais é uma ousadia promover um Congresso bem no meio desse tumulto social que nós vivenciamos” – Paulo Thadeu Franco das Neves.
Paulo Thadeu também enfatizou que o simpósio foi também uma provocação para a categoria local, da Amazônia e de todo o Brasil. Segundo ele mesmo isolados, os profissionais do Norte e de Roraima, ainda resistem a toda essa situação de “negação, de ataques à imprensa e de ameaças de todos os tipos que a categoria vem sofrendo constantemente”.
Pela manhã, a palestra “A Ideia de Civilização nas Imagens da Amazônia”, com o professor Maurício Zouein, abriu o Congresso. Zouein lembrou que em sua pesquisa, mais de 8 mil imagens foram selecionadas e analisadas, mas não foi encontrada nenhuma imagem com uma “pessoa comum” sorrindo.
Mauricio Zouein na palestra “A Ideia de Civilização nas Imagens da Amazônia”.
Segundo o professor isso porque: “Não era interessante para os poderes locais e regionais mostrarem um cidadão feliz. Eles tinham que mostrar a infelicidade do povo, a infelicidade da pessoa humana, para aprovar que o seu “projeto de civilização” chegaria e era necessário chegar até a Amazônia”.
“Eles tinham que mostrar a infelicidade do povo, a infelicidade da pessoa humana, para aprovar que o seu “projeto de civilização” chegaria e era necessário chegar até a Amazônia” – Maurício Zouein.
Em seguida, foi a vez da convidada ilustre do evento, a jornalista Cristina Serra, palestrar sobre tema: “O Jornalismo Sob Ataque: a Indústria das Fake News e a Distorção do Princípio da Liberdade de Imprensa”. Conforme a profissional, hoje, o cenário para o jornalismo é, de fato, “desafiador.
“O cenário, de fato, é desafiador! Mas é muito importante ter acadêmicos, pessoas que estudam Jornalismo, que pesquisam, aqui junto com os jornalistas. Porque a academia precisa pensar essa realidade, entender essa realidade e oferecer soluções. E, os jornalistas, têm que exercer o seu trabalho com a coragem de sempre. Com esse compromisso com a informação – o que é um compromisso social”, afirmou.
“Os jornalistas, têm que exercer o seu trabalho com a coragem de sempre. Com esse compromisso com a informação, o que é um compromisso social – Cristina Serra.
Cristina Serra enfatizou, ainda, qual seria o principal papel do jornalista nesse conturbado cenário: “O papel do jornalista é levar informação de qualidade para a sociedade. Essa é a nossa forma de ajudar a sociedade. Essa é a nossa forma de melhorar a coletividade. De ajudar a melhorar a nossa democracia e o nosso país! Então, é seguir em frente com a consciência tranquila de que nós fazemos um trabalho que é muito importante para a sociedade como um todo”, destacou.
A programação da tarde ainda contou com as palestras: “A organização e atuação da rede de proteção a jornalistas e comunicadores”, com o presidente do SINJOPER, Paulo Thadeu Franco das Neves; e, “Pelo fortalecimento do SINJOPER: sindicalização, contribuição e participação”, com a Jornalista Marilena Freitas.
O evento prosseguiu com as mesas de debate: “Pela valorização e fortalecimento do curso de graduação e pós-graduação em Comunicação nas universidades públicas”; e, “O uso do Código de Ética dos Jornalistas na atual conjuntura”.
Cobertura completa:
Homenagem
O simpósio também contou com um momento de homenagem aos jornalistas que presidiram o SINJOPER nesses 31 anos de lutas. “A homenagem também é uma forma de lembrar as gestões anteriores, na pessoa do presidente eleito. Reconhecer esse trabalho incansável de 31 anos do SINJOPER”, explicou Paulo Thadeu.
Jornalistas homenageados que atuaram / atuam na gestão sindical no período de 1991 a 2022.
Foram homenageados os jornalistas que atuaram / atuam na gestão sindical no período de 1991 a 2022.
– Fátima Oliveira;
– Marcia Seixas (In memoriam);
– Rui Figueiredo;
– Ionio Alves;
– Humberto Silva (In memoriam);
– Gilvan Costa;
– Aroldo Pinheiro;
– Adriana Cruz;
– Paulo Thadeu Neves.
Carta dos Jornalistas
Por fim, o I Congresso dos Jornalistas de Roraima foi encerrado com a leitura da “Carta dos Jornalistas de Roraima” em defesa dos princípios e valores que devem nortear a conduta dos profissionais da comunicação e do jornalismo roraimense. Confira o texto da Carta na ìntegra:
CARTA DOS JORNALISTAS DE RORAIMA
O cenário atual no Brasil tem demonstrado que o jornalismo profissional é um dos principais antídotos à propagação de falsas notícias e desinformação. Mesmo sendo tão necessário, nos últimos anos, o trabalho jornalístico passou a ser duramente atacado e de forma recorrente, profissionais em pleno exercício passaram a ser alvo de intimidação, violência moral, psicológica e física.
Nós, jornalistas do Estado de Roraima, reunidos neste 1° Congresso, promovido pelo Sindicato dos Jornalista de Roraima – SINJOPER, histórico da categoria, viemos por meio desta carta estabelecer princípios e valores que devem nortear a conduta dos profissionais da comunicação e do jornalismo roraimense.
Como jornalistas, jamais devemos compactuar com movimentos antidemocráticos, que desrespeitam a legislação brasileira, sendo contrários a toda produção e divulgação de notícias falsas. Defender uma sociedade mais justa e igualitária, em respeito à Constituição Federal. Aos valores democráticos, onde há o funcionamento pleno dos três poderes constituídos, pautas permanentes e que não podem ser esquecidas nas redações jornalísticas e empresas de comunicação, sejam elas públicas ou privadas.
Como porta-vozes de grupos e povos que não tem acesso a direitos fundamentais básicos, entre eles, educação, saúde, segurança e lazer, manteremos o debate e o respeito aos direitos humanos, como forma de combater condutas criminosas de aporofobia e xenofobia.
O respeito a ciência, a pesquisa, a atuação de universidades e instituições públicas que atuam na produção do conhecimento científico é valor inegociável de todo jornalista presente neste Congresso.
No extremo Norte do Brasil, é compromisso e dever de todo jornalista profissional, a defesa e proteção da Amazônia, do meio ambiente, dos rios, do solo, da vegetação, das comunidades indígenas e das comunidades ribeirinhas.
Como profissionais à serviço da democracia, respeitamos os direitos da comunidade LGBTQI+, sendo fomentadores da produção de conteúdo com linguagem adequada e não violenta, repudiando qualquer tipo de discriminação e violência.
Os jornalistas de Roraima compreendem que a liberdade de crenças é um direito de todo cidadão, devendo ser respeitada e incentivada a tolerância no exercício profissional, além da defesa de um Estado laico, sem predileção por uma única prática religiosa.
Somos totalmente contrários a qualquer forma de discriminação contra negros e indígenas, assim como todo discurso de ódio e manifestações de apologia ao nazismo; nos comprometendo a promover o debate e a promoção de conteúdo que envolva a dignidade humana.
A grande participação de mulheres nas redações em Roraima é uma realidade, devendo ser respeitada e valorizada, sem a prática de assédio moral e sexual. Empresas e empregadores precisam discutir e implementar junto às entidades sindicais, políticas de valorização.
É contínua a nossa luta por um piso salarial digno e por melhores condições de trabalho nas empresas de comunicação. Qualquer prática de assédio no ambiente de trabalho ou no exercício profissional, dever ser denunciada e devidamente apurada.
Não iremos nos calar diante de pessoas e grupos que atuam em desfavor da vida e da liberdade. O jornalismo local é a principal arma que os jornalistas roraimenses tem para promover a igualdade, a equidade e a justiça, sendo a verdade e a democracia nossos pilares, hoje e sempre.
Boa Vista, 15 de setembro de 2022.
I Congresso de Jornalistas Profissionais do Estado de Roraima – Sindicato dos Jornalistas do Estado de Roraima – SINJOPER.