Publicado originalmente em Nujoc Checagem por Marcio Granez. Para acessar, clique aqui.
Depoimento em vídeo de mulher anônima afirma que sim. Ela também pede para não vacinarem as crianças e adolescentes
O aplicativo Eu Fiscalizo, da Fundação Oswaldo Cruz, enviou-nos para análise um vídeo curto em que uma mulher, não identificada, afirma: “Eu confesso pra vocês que eu estou muito impactada, muito impactada em saber que a vacina, quem tomou a vacina vai ter que se tratar o resto da vida”.
O material tem cerca de 3 minutos de duração e vem circulando pelas mídias sociais. Ela conta que foi a um evento em Brasília de “hidromolecular” e que lá descobriu que os imunizados pela vacina teriam de se tratar pelo resto da vida. Ela teria descoberto isso ao analisar seu sangue, que apresentaria “fibrinas” causadas pela proteína spike: “Através da microscopia ontem eu pude conferir o meu sangue no microscópio tem várias fibrinas. A vacina, a proteína spaker [sic], que eles chamam, ela libera na corrente sanguínea várias fibrinas causando coagulação no sangue. Por isso que muita gente vem a óbito. Muita gente dá problema no coração, né”.
As informações repassadas pela mulher do vídeo são falsas. Não existe qualquer evidência de que as vacinas vão causar necessidade de tratamento médico pelo resto da vida, por liberarem fibrina no organismo. Até o momento, as evidências apontam para o controle das infecções e para a queda no número de óbitos das pessoas que receberam as vacinas contra a Covdi-19. A mulher também se equivoca ao chamar proteína spike, do novo coronavírus, de “spaker”.
Nesta checagem aqui, do serviço de checagem Fato ou Fake, do G1, você confere o que dizem os médicos e especialistas sobre as declarações da mulher. Ouvido pelo G1, o médico hematologista Walter Braga, do Hospital Emílio Ribas e professor afiliado da disciplina de Hematologia da Universidade Federal de São Paulo, explica: “A fibrina é uma proteína responsável pela nossa coagulação. Você tem a produção da fibrina toda vez que o sangue é exposto a, por exemplo, uma agressão da parede do vaso ou alguma coisa desse tipo. Você vai formar fibrina, não é nem liberar, é formar fibrina para contenção de um sangramento. Esse é o papel da fibrina dentro do nosso organismo”, diz.
Apelo – A mulher também faz um apelo aos adultos para que as crianças e adolescentes não sejam vacinadas: “Então vou fazer um pedido aqui pra vocês: não vacinem as crianças. Não vacinem os adolescentes. Eles têm imunidade boa, a imunidade deles é alta. (…) Eles têm a defesa imunológica boa. Então não façam isso com as crianças, porque muita família vai chorar, como já está chorando”.
Também não existe evidência de que as crianças e adolescentes tenham proteção natural contra o novo coronavírus. Embora sejam mais resistentes à infecção, as crianças e adolescentes podem adoecer e vir a óbito em decorrência de infecção pelo novo coronavírus, e ser vetores do vírus para os adultos, daí a necessidade de imunizá-las, como já vêm fazendo vários países, como o Brasil.
Sobre a afirmação da mulher de não vacinar as crianças, o médico Walter Braga, ouvido pelo G1, esclarece: “É o contrário. A criança está ainda desenvolvendo a sua memória imunológica. A gente sabe que nos 15 primeiros anos de idade a criança vai desenvolver a sua memória imunológica. Então, se você for pensar, a gente sabe que a maior parte das vacinas que a criança toma se concentra dentro desses 15 primeiros anos de idade”.
Nos últimos meses, já fizemos diversas checagens sobre as vacinas, como você pode conferir aqui. Na maioria delas, verificamos que as informações sobre a ineficácia ou malefícios dos imunizantes eram falsas. Embora os resultados da vacinação sejam bastante positivos até o momento, os especialistas alertam que é preciso manter os cuidados de prevenção, usando máscaras, higienizando as mãos e, na medida do possível, evitando aglomerações. Países que afrouxaram as regras de prevenção na Europa e na Ásia já estão novamente fazendo restrições devido ao recente crescimento de casos de Covid-19, mesmo após a imunização.