Ex-vice-presidente da Pfizer levanta falsas alegações sobre as vacinas e pandemia de COVID-19

Publicado originalmente em Nujoc Checagem por Edison Mineiro. Para acessar, clique aqui.

O NUJOC recebeu para checagem uma matéria veiculada pelo portal estrangeiro LifeSiteNews intitulada “Ex-vice-presidente da Pfizer: ‘Seu governo está mentindo para você de uma forma que pode levar à sua morte’”. No texto, o cientista Michael Yeadon expõe informações que colocam em dúvida a produção de vacinas e a pandemia de COVID-19. O material foi enviado até a nossa equipe por meio do aplicativo Eu Fiscalizo da Fiocruz (Disponível para Android e IOS).

Matéria produzida pelo portal Life Site News sobre o posicionamento do ex-vice-presidente da Pfizer, Michael Yeadon, sobre as vacinas e a pandemia de COVID-19. Imagem: Reprodução

Além de desconsiderar a importância de medidas de restrição social para salvar vidas, Michael Yeadon também aponta a ineficácia das vacinas. Para ele, é forte a possibilidade de estarmos lidando com uma “conspiração” que poderia levar a algo pior do que as guerras e massacres do século XX.

É nítido o clima de pânico em torno das declarações que são, portanto, falsas e refutáveis. Para o infectologista Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, as alegações são absurdas.

“As informações são totalmente falsas. As vacinas são importantíssimas na proteção contra doenças infecciosas em todas as idades. A pandemia não acabou. Muito pelo contrário, o número de casos e de óbitos não para de crescer. Não é possível afirmar qualquer coisa sobre os estudos com célula T de memória, pois os estudos ainda são muito recentes. A doenças virais podem ocorrer em ondas, como já observamos na gripe, por exemplo”, comenta o médico ao portal G1.

Em contrapartida ao rechaço de Yeadon ao uso de vacinas, basta pensar em como o histórico de combate às doenças infecciosas mostra como a vacinação no mundo é uma importante aliada para eliminar e controlar enfermidades. De acordo com o Estadão Verifica, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde divulgou um relatório que apresenta avanços na “erradicação do sarampo, eliminação do tétano neonatal e no controle de outras doenças imunopreveníveis, como difteria, coqueluche e tétano acidental, hepatite B, meningites, febre amarela, formas graves da tuberculose, rubéola e caxumba, bem como, a manutenção da erradicação da poliomielite”.

OMS e o Instituto de Tecnologia em Imunobiologia Bio-Manguinhos da Fiocruz também defendem que o uso de vacinas é o método mais eficaz no combate à doenças infectocontagiosas. Em 2013, o instituto divulgou um artigo sobre a importância da vacinação, no qual considera que o método é o mais barato para o controle da saúde pública, diferente do custo-benefício dos medicamentos.

São necessárias medidas de isolamento social? – Contestada por Michael Yeadon, as medidas de restrição social já provaram que salvam vidas e é fundamental para redução do número de contaminação pela COVID-19. Segundo a diretora da OPAS, Carissa F. Etienne: “O distanciamento social diminui a transmissão para que os serviços de saúde possam testar casos suspeitos, rastrear contatos e tratar e isolar pacientes”, afirmou.

O infectologista Lino Alexandre, do Hospital Leonardo da Vinci, unidade requisitada pelo Governo do Ceará, também ressalta que a forma mais eficaz de proteção para evitar a transmissão da Covid-19 é o distanciamento social e os cuidados com a higiene pessoal. “Isso porque a propagação do vírus acontece de pessoa para pessoa, por meio de espirros, tosses e até pela fala”, pontuou.

Em outros momentos, o NUJOC Checagem também fez verificação sobre as medidas de distanciamento. Confira aqui.

Não só esnobou as vacinas e as medidas de restrição social, como também para o ex-vice-presidente da Pfizer, a pandemia de COVID-19 já terminou. Entretanto ele está errado também nisso. O Brasil, por exemplo, contabiliza atualmente mais de 404 mil mortes por COVID-19 e uma média diária de 2481 óbitos. O país aparece no lugar do mundo com população acima de 20 milhões de habitantes com mais mortes por covid-19 por milhão, o chamado coeficiente de mortalidade ou simplesmente mortalidade. A marca foi atingida nesta quinta-feira, 29, quando o País chegou a 1.887 mortes, superando o Reino Unido (1.881). A Itália, primeiro país a sofrer com a pandemia causada pelo novo coronavírus, continua como líder do ranking, com 1.996 óbitos por milhão de habitantes. Os Estados Unidos são o quarto colocado (1.730).

Os dados estão presentes nas plataformas Our World in Data, ligada à Universidade de Oxford (Reino Unido), e Worldometer, que também reúne informações sobre o avanço da pandemia.

Outro exemplo que a pandemia continua é falar da Índia. O país asiático é o atual epicentro da pandemia, contabilizando mais de 212 mil mortes e uma média móvel de 3187 de óbitos nos últimos sete dias.

Michael Yeadon e as fake news – Com informações da Agência Reuters, o motivo de Yeadon se transformar de cientista convencional em cético em relação à vacina COVID-19 permanece um mistério. Alguns ex-colegas da Pfizer dizem que não reconhecem mais o Mike Yeadon que conheceram. Eles o descreveram como um homem conhecedor e inteligente que sempre insistia em ver evidências e geralmente evitava publicidade.

Um desses ex-colegas é Sterghios A. Moschos, formado em biologia molecular e farmacêutica. Em dezembro, Yeadon postou no Twitter uma imagem que dizia: “Livre das máscaras”. Moschos tuitou de volta: “Mike, que diabos?! Você quer matar pessoas ativamente? Você percebe que se estiver errado, suas sugestões resultarão em mortes ??”

O rosto e as opiniões do cientista amplamente identificado como um “ex-vice-presidente da Pfizer”, podem ser vistos nas redes sociais em idiomas como alemão, português, dinamarquês e tcheco. O seu nome termina por servir de respaldo para o movimento antivacina e de teorias que contestam a pandemia de COVID-19.

A matéria sobre a trajetória contraditória de Michael Yeadon produzida pela Agência Reuters pode ser acessada aqui.

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