Estudo indica que anticorpos de pacientes que contraíram a COVID-19 podem ficar mais potentes 6 meses depois da infecção

Publicado originalmente em Nujoc Checagem por Edison Mineiro. Para acessar, clique aqui.

A publicação do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) do dia 19 de janeiro traz uma captura de tela de matéria da CNN Brasil, destacando o título: “Estudo: anticorpos podem ficar mais de 6 meses após infecção por COVID-19”. O congressista comenta a imagem alegando não ter a necessidade de tomar rapidamente a vacina, uma vez que teve COVID-19 e sua taxa de imunidade é alta. A postagem chegou para a nossa equipe por meio do aplicativo Eu Fiscalizo da Fiocruz (disponível para Android e iOS).

Além da CNN, verificamos outros meios de comunicação e o referido estudo para constatar a veracidade da informação. Segundo o G1, o estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Rockfeller nos Estados Unidos, entre eles um brasileiro, Julio Cesar Lorenzi foi publicado na revista científica Nature em 18 de janeiro.

O estudo sugere que os anticorpos para COVID-19 em pacientes que tiveram a doença ficaram mais “potentes” 6 meses após a infecção. Isso significa que a imunidade para quem já teve a doença pode durar, no mínimo, esse tempo.

“Os anticorpos melhoraram em termos de potência e diversidade. Eles conseguiram neutralizar diversas variações da corona [a ‘coroa’ do coronavírus]”, explica o brasileiro Julio Cesar Lorenzi ao G1, um dos líderes do estudo.

A resposta para os anticorpos “reforçados” está nas células B, um tipo de célula de defesa do corpo. Elas têm a função de reconhecer o antígeno do coronavírus – uma parte do vírus – e criar os anticorpos contra ele.

Os pesquisadores avaliaram um grupo composto por 87 pessoas que tiveram COVID-19, com idades entre 18 e 76 anos. Todas elas tiveram amostras de sangue analisadas seis meses após a infecção.

A análise expôs que os níveis de células B de memória específicas continuaram os mesmos nesse período – e que os anticorpos que elas produziram seis meses depois da primeira infecção foram mais “fortes” que os originais.

A imunidade para quem foi infectado tem prazo de validade? – Ressaltamos aqui novamente que sim. De acordo com a BBC Brasil, um estudo liderado pela agência governamental de Saúde Pública da Inglaterra, a Public Health England reuniu quase 21 mil profissionais de saúde do Reino Unido em um período de junho a dezembro. Com a liderança da epidemiologista Susan Hopkins, a pesquisa concluiu que a maioria das pessoas que tiveram COVID-19 uma vez está protegida de contrair a doença novamente por pelo menos cinco a seis meses.

Os cientistas verificaram que quem já contraiu o coronavírus uma vez tem um risco cerca de 83% menor de desenvolver covid-19 novamente em comparação com quem nunca teve a doença.

Contudo, embora traga uma boa notícia, o estudo mostra que a primeira infecção não gera 100% de imunização, ou seja, algumas pessoas podem contrair a COVID-19 novamente e transmitir a infecção.

A importância da vacinação – Com informações do Projeto Comprova, a resposta imune induzida pela vacina é diferente da que é conferida pela própria infecção, sobretudo em relação à eficácia e à longevidade. Enquanto um vírus — como o Sars-CoV-2 — dispõe de várias proteínas que enganam o sistema imunológico do organismo, a vacina não carrega esse componente.

Nesse sentido, a vacinação já guarda o respaldo científico de séculos. A vacina da varíola, desenvolvida há mais de 200 anos, é exemplo de que a vacinação foi responsável pela erradicação da doença, em 1980.

“A gente não tem mais a varíola circulando entre a população, muito por conta das vacinas, a partir do momento que a gente começou a vacinar as pessoas. Antes, as pessoas morriam de varíola muito fácil, crianças, jovens e adultos”, frisou o biólogo Luiz Almeida, formado pela PUC-Campinas, PhD em microbiologia e administrador das mídias sociais do Instituto Questão de Ciência (IQC).

O pesquisador também relatou a vacina da poliomielite, que quase conseguiu erradicar a doença por meio de uma campanha de imunização coletiva. “A OMS, inclusive, já tinha anunciado que aqui no Brasil a gente estava livre dela. O que acontece é que mesmo que a doença tenha sido erradicada num único país, os países vizinhos podem ainda ter esses vírus. Então, enquanto a gente não fizer a erradicação completa desse vírus, ele vai circular. Por isso que a pólio voltou aqui no Brasil”.

A BBC Brasil produziu uma lista com 10 razões para se vacinar contra o coronavírus. Vale apena conferir!

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