Publicado originalmente em Agência Bori. Para acessar, clique aqui.
Highlights
- Estudo investigou fatores que influenciam a utilização de serviços de governo eletrônico (e-gov)
- Idade, renda familiar, classe econômica e grau de instrução interferem no uso destes serviços
- Tipo de dispositivo de acesso e experiência prévia também afetam uso de serviços de governo eletrônico
Jovens moradores de áreas urbanas, com emprego formal, escolaridade superior ao Ensino Fundamental e de classe social superior a C são mais propensos a utilizar serviços eletrônicos do governo, que dão acesso a seguro-desemprego, imposto de renda, solicitação de benefícios, entre outros. É o que mostra estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), publicado na revista “Cadernos EBAPE.BR” na quarta (25).
A pesquisa analisou dados do TIC Domicílios 2019 para entender que fatores influenciam a utilização de serviços de governo eletrônico por brasileiros. Realizada pela Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (CETIC), o levantamento traz dados de 20.536 respostas coletadas de outubro de 2019 a março de 2020 em todo o Brasil.
Fatores como idade, renda familiar, classe econômica, grau de instrução, tipo de dispositivo de acesso e experiência prévia com uso de serviços de e-commerce afetam probabilidade de usos dos serviços e-gov. Dentre os serviços de governo eletrônico estão seguro-desemprego, declaração de imposto de renda, aposentadoria, certidão de antecedentes criminais, pagamentos de pensão, carteira de trabalho digital, carteira digital de trânsito, solicitação de benefícios, e outros.
O hábito de uso dos dispositivos tecnológicos é um dos fatores que explica o porquê de jovens serem mais adeptos aos serviços eletrônicos do governo. “Os mais jovens cresceram usando smartphones e tablets, enquanto os mais idosos passaram a ter contato com esses dispositivos na fase adulta, muitos já na terceira idade”, ressalta Luiz Vargas, doutorando da UFRJ e coautor do estudo. Estão associados a esse resultado, também, a melhor condição financeira, que permite a aquisição de dispositivos eletrônicos, e o fácil acesso, nas cidades, à infraestrutura de internet.
Segundo Vargas, o estudo serve para alertar gestores públicos sobre a necessidade de se levar em conta o contexto socioeconômico dos usuários nos planos de adoção de tecnologia pelo governo. “Programas de capacitação em tecnologias para adultos e idosos também são necessários para que se possa ampliar a adesão dos idosos a esses serviços”, recomenda.
Os dados coletados são anteriores à pandemia de Covid-19, quando houve intensificação do uso de serviços eletrônicos a partir da implementação do Auxílio Emergencial. Por isso, os autores destacam que novos estudos precisam ser feitos para avaliar a adesão a serviços eletrônicos do governo em tempos de pandemia.