Eficácia das vacinas faz parte de estratégia coletiva

Publicado originalmente em Covid-19 DivulgAÇÃO Científica por Alessandra Ribeiro. Para acessar, clique aqui.

Proteção contra a COVID-19 depende de ampla cobertura vacinal da população, ao contrário do que sugere postagem no Instagram

O aplicativo parceiro Eu fiscalizo identificou mais uma postagem equivocada do médico Ricardo Ariel Zimerman, defensor do tratamento da COVID-19 com medicamentos sem efetividade comprovada contra a doença. Desta vez, ele postou no Instagram que “quanto mais eficaz uma vacina for, menos importa ao vacinado se o outro se vacinou”.

Independentemente da eficácia de cada vacina, é importante que a maior quantidade possível de pessoas seja vacinada com os imunizantes disponíveis, para diminuir as hospitalizações e mortes pela doença e as taxas de transmissão do vírus, de modo a reduzir também a propagação de novas variantes. 

Ao contrário do que sugere o médico, a eficácia das vacinas não pode ser considerada como um fator isolado. “A vacina é uma estratégia coletiva que leva em consideração a eficácia do imunizante e também a taxa de reprodução do vírus, para que se calcule a cobertura vacinal ‒ quantas pessoas é preciso ter vacinado para que essa vacina consiga controlar determinada doença”, explica a epidemiologista Ethel Maciel, professora titular da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). 

“Inicialmente, para a COVID-19, considerando-se uma eficácia de 100%, que nenhuma vacina tem, precisaríamos de 70% da população vacinada”, lembra. No entanto, o percentual de pessoas a serem vacinadas para a melhoria dos indicadores da doença e o controle da pandemia varia à medida que o vírus sofre mutações. “Quanto mais transmissível o vírus, a exemplo da variante Delta, é preciso ter mais pessoas vacinadas”, afirma.

Detectada inicialmente na Índia, a Delta se espalhou rapidamente pelo mundo e hoje é predominante entre as amostras do coronavírus submetidas à análise do genoma no Brasil. No dia 26 de novembro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) designou uma nova variante de preocupação, a Ômicron, identificada pela primeira vez na África. Ainda não se sabe se ela é mais transmissível, mas seu alto número de mutações preocupa as autoridades de saúde e a comunidade científica.

De acordo com Maciel, a imunidade coletiva, também chamada “imunidade de rebanho”, dificilmente será atingida com a disseminação das novas variantes do SARS-CoV-2. Isso só seria possível com taxas de vacinação da população superiores a 95%. 

Assim, medidas como distanciamento social, uso de máscaras, lavagem das mãos e uso de álcool em gel, associados às vacinas, continuarão a ser determinantes para reduzir a gravidade dos casos de Covid-19 e a mortalidade em decorrência da doença.

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