É falso que totalização demonstra votos programados na eleição presidencial de 2022

Publicado originalmente em Agência Lupa por Ítalo Rômany. Para acessar, clique aqui.

Circula nas redes sociais mensagem afirmando que houve fraude nas eleições presidenciais de 2022. Como prova, o narrador do vídeo alega que, a cada 12% das urnas apuradas, Lula subia 1% e Bolsonaro caía 0,5%. “Se eu aplico uma linha de tendência para o candidato Bolsonaro, eu evidencio aqui uma queda regular durante todo o período. Se eu aplico a mesma linha de tendência ao candidato Lula, eu evidencio também o crescimento regular e acentuado durante igual período. Isso na informática, damos o nome de algoritmo”, diz a pessoa que, segundo a legenda do post, é o “maior cientista do mundo em informática”. As informações são falsas.

Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que esse conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação​:

O maior cientista do mundo em informática apresenta aos brasileiros e ao mundo que a eleição de 2022 no Brasil foi fraudada

– Legenda de vídeo que circula no WhatsApp

Falso

Os resultados parciais de Bolsonaro e Lula mostrados no vídeo são falsos e, portanto, não é possível observar qualquer tendência “regular” ou “programada” de queda e crescimento na votação dos candidatos durante a totalização dos votos do 1º turno.

O TSE disponibilizou, em seu portal de dados abertos, o histórico da totalização do pleito. A planilha registra em detalhes o avanço da contabilização dos votos — indicando, entre outros dados, o percentual de urnas apuradas e a quantidade de votos recebidos por cada candidato até determinado horário.

Veja, abaixo, a comparação entre os dados falsos da peça desinformativa e os números oficiais do TSE:

https://e.infogram.com/untitled-1hmr6g7qne0ro6n?live?parent_url=https%3A%2F%2Flupa.uol.com.br%2Fjornalismo%2F2023%2F11%2F01%2Fe-falso-que-totalizacao-demonstra-votos-programados-na-eleicao-presidencial-de-2022&src=embed#async_embed

Dessa forma, não se comprova a alegação de que, a cada 12% das urnas apuradas, Bolsonaro perdia 0,5 ponto percentual (p.p.), enquanto Lula ganhava um ponto percentual.

A título de exemplo, com 48% dos votos apurados, Bolsonaro tinha 46,61% dos votos — um recuo de 0,71 p.p. ante os números apresentados com 36% de apuração, quando registrava 47,32%.

O mesmo é observado com os dados de Lula. O petista cresceu apenas 0,42 p.p. entre os momentos em que a totalização atingiu 24% e 36% das urnas. Se a teoria da peça desinformativa fosse verdadeira, Lula teria crescido um ponto percentual.

https://e.infogram.com/lulaxbolso-1h1749v5gkqpl6z?live?parent_url=https%3A%2F%2Flupa.uol.com.br%2Fjornalismo%2F2023%2F11%2F01%2Fe-falso-que-totalizacao-demonstra-votos-programados-na-eleicao-presidencial-de-2022&src=embed#async_embed

Outra informação falsa é a de que Bolsonaro e Lula empataram quando 60% das urnas haviam sido apuradas. Os dados do TSE mostram que, após ser ultrapassado por Bolsonaro logo no início da totalização, Lula só voltou a empatar com o então presidente com 68,57% das urnas apuradas. O petista venceu o 1º turno com 48,43% dos votos válidos, contra 43,20% de Bolsonaro.

Os números da tabela do TSE batem com os que foram divulgados em tempo real no dia 2 de outubro de 2022. A transmissão da CNN Brasil, por exemplo, mostrou os resultados parciais da totalização de 12,09%24,16%60,33% e 96,10% das urnas. Os números eram diferentes daqueles apontados pela peça desinformativa.

Em nota publicada em seu site, o TSE também desmentiu o boato. “As alegações reproduzidas […] não têm qualquer embasamento científico, nem condizem com o que realmente ocorreu no dia do primeiro turno das Eleições Gerais de 2022”, afirmou.

O tribunal também ressaltou que o processo de totalização dos votos é realizado na medida em que os dados dos Boletins de Urna (BUs) são enviados. “Ou seja, não há uma ordem pré-definida de quais localidades ou regiões terão os votos totalizados em primeiro ou em último lugar. Da mesma forma, não existe nenhum algoritmo programado para ditar a porcentagem atingida por cada candidatura ao longo do processo de soma dos votos”.

Por fim, o TSE esclareceu que o resultado da eleição é inicialmente apurado em cada urna eletrônica envolvida no pleito, quando o BU é impresso com o total de votos recebidos por cada candidato naquela seção eleitoral. “Além de ficar afixado na porta da seção, o documento também pode ser consultado pela internet por meio da página Resultados, desenvolvida pelo TSE“, informou o tribunal.

Checagem similar foi produzida por AFP Checamos e Estadão Verifica.

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