Publicado originalmente em Agência Lupa por Carol Macário. Para acessar, clique aqui.
Circula no WhatsApp que os advogados de defesa do homem responsável por quebrar o relógio do século 17 no Palácio do Planalto durante os atos golpistas do dia 8 de janeiro, em Brasília, são os mesmos que defendem Adélio Bispo. Preso desde 2018, Bispo esfaqueou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a campanha eleitoral de 2018. Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que esse conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação?:
Adivinha quem são os advogados do santinho que quebrou o relógio, no Planalto: os mesmos do Adélio
– Conteúdo que circula em correntes do WhatsApp
Falso
A informação analisada pela Lupa é falsa. Desde junho de 2019, a Defensoria Pública da União (DPU) — e não um grupo de advogados — é responsável pela defesa de Adélio Bispo. Antes disso, o autor da facada em Bolsonaro era defendido por uma equipe de criminalistas de Minas Gerais. Nenhum deles foi contratado por Antônio Cláudio Alves Ferreira, mecânico flagrado destruindo o relógio de pêndulo Balthazar Martinot, do século 17, no Palácio Planalto em 8 de janeiro. O item tinha sido um presente da Corte Francesa para dom João VI e foi trazido ao Brasil em 1808.
Em nota, a DPU informou que participou da audiência de custódia de Ferreira e de outras pessoas detidas nos atos golpistas de 8 de janeiro. Também explicou que a assistência jurídica de pessoas sem condições financeiras ou sem advogado constituído é uma função institucional do órgão. A Defensoria destacou ainda que “o defensor que presta assistência ao senhor Adélio não participou da força-tarefa que cuidou dessas audiências”.
Até o momento, não há informações públicas que indiquem que Ferreira tenha contratado advogados e não esteja mais usando a assessoria da DPU. A Polícia Federal de Uberlândia (MG), onde Ferreira foi preso em 24 de janeiro, informou por telefone que o inquérito está correndo no Supremo Tribunal Federal (STF) e, por isso, os agentes locais não têm informações sobre quem faz a defesa do suspeito. Já o STF explicou, em nota, que o processo de Ferreira corre em segredo de justiça e, portanto, nenhuma informação é pública.
Ex-advogados de Adélio não foram contratados
A Lupa entrou em contato com os quatro advogados que fizeram parte da equipe de defesa de Adélio Bispo entre 2018 e 2019. Por telefone, o escritório de Zanone Manuel de Oliveira Júnior confirmou que Ferreira não é cliente. O criminalista Fernando Magalhães também confirmou, em mensagem do WhatsApp, que o mecânico envolvido nos atos golpistas de 8 de janeiro também não o contratou.
Por fim, Pedro Possa, sócio de Marcelo Manoel da Costa (ambos integraram a equipe de defesa de Bispo), também confirmou por WhatsApp que não procede a informação de que ele ou seu sócio sejam advogados de Ferreira.
Entenda o caso
Antônio Cláudio Alves Ferreira foi preso pela Polícia Federal em Uberlândia em 24 de janeiro. Em 8 de janeiro, ele foi filmado pelo circuito interno do Palácio do Planalto derrubando e destruindo o relógio Balthazar Martinot. Um dia depois dos atos golpistas, ele abandonou a casa onde morava na cidade goiana de Catalão, no interior de Goiás, e viajou para o município mineiro.