Brasileiros são mais pessimistas quanto à melhoria da mídia (de modo que se torne mais confiável)

Publicado originalmente em *Desinformante. Para acessar, clique aqui.

O que o público quer e espera dos meios de comunicação para considerar aquelas notícias confiáveis? Nos últimos três anos, o Projeto Trust in News (Confiança nas Notícias) do Reuters Institute investigou essa questão por meio de uma combinação de pesquisas, entrevistas qualitativas e grupos focais, examinando as atitudes do público no Sul Global (Brasil e Índia) e Norte Global (Reino Unido e Estados Unidos). Nas entrevistas, feitas com 2 mil pessoas em cada país, eram ofertadas algumas possibilidades de medidas que a mídia poderia tomar de modo que os entrevistados pudessem acreditar mais naquele conteúdo. Estratégias editoriais, transparência, engajamento com o público e uma gestão adequada e inclusiva foram os quatro esforços apontados.

Uma das diferenças mais marcantes encontradas nos países pesquisados foi no que diz respeito à percentagem de pessoas que afirmaram que “nenhum destes” esforços provavelmente teria impacto no seu sentimento de confiança nas organizações noticiosas. No Brasil, 43% selecionaram esta resposta. Em comparação, e de forma mais otimista, a percentagem que respondeu de forma semelhante foi muito mais baixa na Índia (11%), no Reino Unido (18%) e nos EUA (15%).

Apesar desse alto grau de pessimismo no Brasil, os esforços em torno da transparência tenderam a obter maior apoio em relação a outros tipos de iniciativas. Este foi especialmente o caso nos EUA, onde um quarto disse que iria priorizá-la (23%), e no Brasil (16%), onde foi a segunda resposta mais selecionada depois de “nenhuma destas”. No Reino Unido, estes esforços foram equilibrados com iniciativas relacionadas com a gestão, a apropriação, a liderança e a diversidade (20%), embora nenhuma das diferenças entre as categorias de resposta fosse grande.

 Na Índia, o público era relativamente mais propenso a dizer que pensava que os tópicos e as pessoas em que as organizações noticiosas se concentravam teriam maior probabilidade de impactar o seu sentimento de confiança (20%).

Os pesquisadores afirmaram que as descobertas colocam em evidência o maior desafio que as organizações de notícias enfrentam: os segmentos mais cínicos e desconfiados do público tendem a ver todos os meios de comunicação através de lentes igualmente negativas, diferenciando minimamente as fontes, independentemente das etapas a serem construídas.

Leia aqui o estudo completo (em inglês)

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