Publicado originalmente em Nujoc Checagem por Edison Mineiro. Para acessar, clique aqui.
Recebemos, por meio de parceria com o aplicativo Eu Fiscalizo da Fiocruz (disponível para Android e iOS), uma mensagem que circula nas redes sociais sobre o Brasil ultrapassar o número de 4 milhões de recuperados por COVID-19. Na postagem realizada em 25 de setembro no perfil do instagram de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) é celebrado que o Brasil atingiu tal marca: “O valor corresponde a 86,4% do total de casos da Covid-19”.
Com informações do Painel Coronavírus até a redação desta matéria, o Brasil tem 4.650.030 pessoas recuperadas por COVID-19 desde o início da pandemia. O número chega a ser animador, uma vez que dentre as nações do mundo, o Brasil apenas perde para a Índia (6.663.608 casos recuperados). No entanto, a razão para celebrar termina ao falarmos sobre número de infectados, incidência em 100 mil habitantes e mortes per capita.
Entre os números de infectados por COVID-19 até o momento já são 5.237.961, com uma média de novos casos nos últimos 7 dias: 19.877 por dia, de acordo com o consórcio de veículos de imprensa. Apesar de se encontrar em queda, o número ainda é considerado alto. Num contexto global, o Brasil perde apenas para Estados Unidos 8.190.930 e Índia 7.550.273, respectivamente.
Acerca da incidência de contaminação em 100 mil habitantes, todas as regiões do país apresentam índices altos. Em primeiro lugar, região centro-oeste: 4013,9; segundo, região norte: 3626,7; terceiro, nordeste: 2489,0; quarto, sul: 2194,1; e por último, sudeste: 2076,0. No Brasil por inteiro fica uma média de 2491,3 infectados em 100 mil habitantes.
Quanto ao número de mortes per capita, na lista dos dez países com mais óbitos per capita há seis países da América Latina: Peru, Bolívia, Brasil, Chile, Equador e México, como se pode ver no gráfico a seguir:
E, por último, o Brasil se posiciona em segundo lugar no montante de mortes por COVID-19. Atualmente são 153.982 vítimas que perderam a vida. No pódio, o país é apenas superado por Estados Unidos com 219.541 mortes e, em terceiro lugar, a Índia com 114.610 óbitos.
Portanto, com a apresentação de todos esses números demonstra que não há motivos para comemorar, assim como não é resultado de sucesso na luta durante a pandemia de COVID-19.
“Enfatizar os números de recuperados não muda nada neste momento. É preciso ser realista. Não é correto tentar minimizar a gravidade da doença”, afirma Marcos Boulos, professor da faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, à BBC News Brasil em entrevista realizada em agosto, momento que o Brasil chegava aos 100 mil mortos.
“O ranking dos países pelo número de casos é praticamente o mesmo do que o ranking pelo número de recuperados. Por quê? Porque é natural que o país que tenha o maior número de casos tenha o maior número de recuperados. Faz parte da dinâmica da doença”, acrescenta Domingos Alves, responsável pelo Laboratório de Inteligência em Saúde (LIS) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto.
No início de setembro, o NUJOC Checagem produziu uma matéria sobre o Brasil ter atingido o primeiro lugar, até aquele momento, em relação ao número de recuperados. Na matéria há importantes falas sobre o preocupante índice de mortes por milhão. Como o depoimento do epidemiologista e reitor da Universidade Federal de Pelotas, Pedro Hallal, concedido ao G1. “Ainda não estamos liderando o ranking de mortes por milhão neste momento, neste estágio em que estamos da pandemia, mas certamente vamos liderar se os números não baixarem. É só comparar os registros do Brasil semana a semana com países que lideram o ranking, e veremos que temos muito mais casos e mortes”.
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