Área de proteção ambiental na Amazônia inibe contaminação de mercúrio em tartarugas

Publicado originalmente em Agência Bori. Para acessar, clique aqui.

Highlights

  • A saúde de tartarugas em reserva no Amazonas indica que a área tem cumprido seu papel de proteção ambiental
  • Os animais apresentam baixos níveis de mercúrio bioacumulado, o que é positivo para a saúde das comunidades ribeirinhas que se alimentam dos animais
  • Dados coletados são referência de um ambiente saudável, constituindo base de comparação para áreas amazônicas afetadas pela poluição

Os tracajás na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus (AM) estão saudáveis e com baixos níveis de mercúrio bioacumulado, o que indica que a área está cumprindo seu papel de proteção ambiental. Os animais, da mesma ordem das tartarugas, atuam como indicadores da qualidade do ambiente. A manutenção de sua saúde também é positiva aos habitantes locais, que se alimentam dos tracajás. A conclusão é de pesquisadores da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) em estudo publicado nesta sexta (23) na revista “Acta Amazonica”.

A pesquisa analisou amostras de tecido muscular de 35 espécimes de tracajás da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus, no município de Beruri, Amazonas, avaliando aspectos como a presença de metais em decorrência da poluição. Os resultados mostram que os animais estão saudáveis e com níveis de mercúrio dentro do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para consumo humano, o que indica que a área preserva a saúde dos tracajás e dos humanos que deles se alimentam.

O estudo teve como objetivo avaliar aspectos da saúde dos tracajás, para além das medições de mercúrio, que costumam ser o principal aspecto de estudos sobre poluição aquática com tartarugas selvagens no Amazonas. Os pesquisadores inovaram ao investigar a saúde do animal, como explica Fabíola Domingos-Moreira, uma das autoras do estudo. “Nem sempre só saber o nível de contaminante em um organismo nos dá uma noção se isto está sendo prejudicial para aquele animal. Então com esses parâmetros de saúde que nós avaliamos podemos ter uma ideia se esses animais estão saudáveis e, felizmente, foi isso que nós observamos”.

Os resultados reforçam a importância das unidades de conservação, além de compor um conjunto de dados úteis para comparação em estudos futuros. “A gente espera que não ocorra, mas se houver alguma situação pontual de poluição em outra região da Amazônia com essa mesma espécie ou esse mesmo grupo, temos dados com indivíduos saudáveis que podemos usar para comparação”, afirma Domingos-Moreira.

A pesquisadora diz que pesquisa semelhante deve ser realizada na Usina Hidrelétrica de Balbina, área em que o rio foi represado para a geração de energia elétrica. “Quando o rio é transformado numa represa, ocorre uma mudança muito brusca em todas as condições naturais que havia nesse rio, e com isso toda a parte de dinâmica de poluentes e de metais acaba sendo alterada. Estudos em hidrelétricas ao redor do mundo todo mostram, por exemplo, que as concentrações de mercúrio tendem a aumentar em regiões de reservatórios, então nós vamos verificar a saúde dos animais e se existe alguma correlação com as concentrações de mercúrio que vamos observar na região”, conclui.

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