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A ex-governadora de Roraima, Suely Campos, já afirmou em 2014 que a nomeação de parentes para cargos públicos é uma “prática comum” no estado.
Por Allyne Bentes, Laura Silvestre e Thiago Marinho*
Em Roraima, historicamente, há diversos casos de nepotismo, tanto na capital quanto no interior do estado. Um dos casos bem conhecidos na capital é o da ex-governadora Suely Campos. Em 2014 Suely, esposa do ex-governador Neudo Campos, foi indicada para concorrer ao Governo do Estado (em substituição ao seu marido), devido ao indeferimento da candidatura de Neudo pelo TRE-RR.
A indicação de Suely para o concorrer ao cargo ocorreu devido ao fato de Neudo ser considerado “Ficha Suja”, pela Lei da Ficha Limpa. Suely Campos acabou eleita Governadora naquele pleito.
Antes mesmo de ser eleita como governadora, Suely já havia sido nomeada para um cargo público, atuando como Secretária de Estado do Trabalho e Bem-Estar Social. Além de governadora, Suely também foi Deputada Federal de 2003 a 2007.
Em Roraima “É Normal”
Em uma de suas declarações, Suely Campos chegou a afirmar que era “normal” nomear parentes para cargos de alto nível. Dessa forma, ela mesma indicou ao menos 19 parentes para os primeiros escalões de seu governo – incluindo irmãos, primos, duas filhas e sobrinhos.
Tais pessoas ocuparam cargos nas Secretarias da Casa Civil, Saúde, Educação e Infraestrutura do Estado de Roraima.
Neudo Campos chegou a declarar em uma coletiva de imprensa que seria uma “sombra” no governo de Suely, caso ela vencesse as eleições. Isso se concretizou, pois, após a eleição, Suely criou o cargo de “Consultor Especial” e nomeou o próprio marido para trabalhar junto ao Governo Estadual.
De acordo com o Diário Oficial da Assembleia Legislativa de Roraima, os 19 parentes indicados por Suely recebiam mensalmente, à época, salários que totalizavam R$ 398 mil reais. Detalhes sobre os valores recebidos por cada familiar de Suely podem ser encontrados no Portal G1.
“É uma prática comum na história de Roraima a nomeação de pessoas próximas aos gestores para ocupar importantes secretarias, tanto na esfera estadual como municipal”, afirmava Suely Campos, em nota, sobre o caso.
Após denúncias, o Tribunal de Contas do Estado (TCE-RR), decidiu que os parentes da governadora Suely Campos, até o terceiro grau, que não exerciam cargos políticos, deveriam ser exonerados.
Suely chegou a se envolver em diversas polêmicas ligadas ao seu governo. Além da nomeação de parentes para cargos públicos, teve a prisão do seu marido em fevereiro de 2016; a saída do vice do Governo; o pedido do fechamento da fronteira do Estado; a prisão de um dos seus filhos; e, a sua derrota na tentativa de reeleição.
Em 2018, Suely foi afastada do cargo antes do fim do mandato, devido a um Decreto de Intervenção Federal. Ela permaneceu fora do poder até o final de seu mandato, sendo sucedida por Antonio Denarium, que embora eleito, assumiu o cargo de governador antes do tempo regulamentar.
O interventor Antonio Denarium e a governadora afastada Suely Campos (Foto: Alan Chaves/ G1-RR).
Denarium foi reeleito no ano de 2022 e hoje é filiado ao mesmo partido político da tradicional família Campos de Roraima – o Progressistas.
* Grupo 6. Conteúdo experimental produzido no escopo da disciplina JOR53 – Jornalismo Especializado I.