Homem que acusa governo brasileiro de solicitar dados de usuários do X não é diretor da rede

Publicado originalmente em Agência Lupa por Evelyn Fagundes. Para acessar, clique aqui.

Circula nas redes sociais um vídeo em que um homem alega que o governo brasileiro teria solicitado aos líderes do X, antigo Twitter, informações pessoais dos usuários. Segundo a legenda do post, o homem seria o diretor da plataforma. É falso.

Por WhatsApp, leitores sugeriram que o conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa​:

DIRETOR DO X NO BRASIL FAZ REVELAÇÕES BOMBÁSTICAS SOBRE ALEXANDRE DE MORAES

– Legenda do vídeo que circula nas redes sociais

Falso

Ao contrário do que afirma a narração e a legenda do vídeo, o homem que aparece no conteúdo não é diretor do X. Trata-se do jornalista estadunidense Michael Shellenberger, que estava discorrendo, em entrevista ao Poder 360, sobre sua reportagem que acusa o governo brasileiro de solicitar informações pessoais dos usuários do X. 

Shellenberger foi entrevistado pelo Poder 360 no dia 9 de abril deste ano para falar sobre a “Twitter Files Brazil”, reportagem assinada pelo jornalista que revela –  por meio de dados que teriam sido liberados pelo empresário Elon Musk – supostos e-mails de líderes do X entre 2020 e 2022. Segundo Shellenberger, foram encontrados diversos registros de e-mails de funcionários do setor Judiciário brasileiro solicitando, à equipe jurídica do X, dados pessoais de usuários que usavam hashtags sobre as eleições.

Na transmissão, o jornalista menciona que o governo do Brasil  ameaçou um advogado brasileiro do X ao solicitar as informações pessoais dos usuários da plataforma. Ao ser perguntado, ainda na entrevista, sobre qual instância específica Shellenberger estaria se referindo ao dizer “governo brasileiro”, o estadunidense diz “Congresso brasileiro, promotor de São Paulo e, ao final, do TSE, do Alexandre de Moraes, diretamente”. No entanto, posteriormente, o jornalista se contradiz e afirma que o e-mail não veio do presidente do Tribunal Superior Eleitoral. 

No dia 11 de abril, Michael Shellenberger recuou novamente e disse, no X, que não teria provas de que Alexandre de Moraes tenha “ameaçado processar criminalmente o advogado brasileiro do Twitter”. O reposicionamento repercutiu na mídia. No mesmo dia, ele participou de uma sessão na Comissão de Comunicação e Direito Digital (CCDD) para falar sobre as supostas interferências de autoridades brasileiras no X a convite do senador Magno Malta (PL-ES), que apoia a investigação sobre o assunto. 

Os prints divulgados pelo jornalista, em referência ao “Twitter Files Brazil”, mostram um suposto e-mail de 2020 alegando que o Congresso Nacional teria solicitado o conteúdo de mensagens de usuários pertencentes a um grupo na plataforma, mesmo não havendo decisão sobre a legitimidade judicial dessa solicitação. 

Além disso, Shellenberger compartilhou um outro print sobre uma investigação em que o Ministério Público solicitou ao X dados cadastrais de um usuário. No entanto, o processo em questão não tem relação com as eleições. Em 2021, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), vinculado ao MP, solicitou ao Twitter dados de uma conta para uma investigação voltada para a prisão de um líder do PCC. A empresa negou-se a fornecer os dados.

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