Publicado originalmente em Agência Lupa por Gabriela Soares. Para acessar, clique aqui.
ircula pelas redes sociais um vídeo de corpos sendo esquartejados na quadra de um presídio. A legenda que acompanha as publicações diz que o caso teria ocorrido no Rio Grande do Norte porque a governadora do estado, Fátima Bezerra (PT), e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teriam supostamente descumprido acordo com facções criminosas. Por meio do ?projeto de verificação de notícias?, usuários do Facebook solicitaram que esse material fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa?:
“Situação no Rio Grande do Norte continua tensa. As facções cobram da governadora petistas, Fátima Bezerra os acordos feitos na época da eleição para apoiar ela e o Lula. Como não cumpriu, o resultado é esse. Mais pessoas vão morrer e mais ônibus serão incendiados. Fazer acordos com o diabo, o resultado é esse. Faz o “L”
– Texto em legende de vídeo que circula nas redes sociais
Falso
A informação analisada pela Lupa é falsa. Através da busca reversa da imagem, foi possível ver que o mesmo vídeo já foi publicado por uma conta no Flickr, em 8 de janeiro de 2017. Ou seja, a gravação não tem relação com os ataques que ocorreram nos últimos dias no Rio Grande do Norte, nem com um suposto acordo feito por Lula ou Bezerra.
Na realidade, as imagens foram gravadas no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus (AM), no dia 1º de janeiro de 2017, durante rebelião causada por disputa entre as facções rivais Família do Norte (FDN) e Primeiro Comando da Capital (PCC), pelo controle do tráfico. A rebelião durou mais de 17 horas e resultou na morte de 56 detentos. É possível ver a quadra do Compaj no vídeo que circula nas redes. O local também aparece em reportagens feitas na época do ocorrido por veículos como Band Amazonas e Veja.
Foto: Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus, no Amazonas (SESIP/Ho/AFP)
“Durante a rebelião ocorrida no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), no dia 1° de janeiro deste ano [2017], membros da facção criminosa Família do Norte (FDN) invadiram os pavilhões onde estavam presos os integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), matando de maneira cruel os rivais. A guerra pelo controle do tráfico de drogas na região também resultou na morte de outros detentos”, explicou a prefeitura de Manaus em nota publicada, em 4 de janeiro de 2017. No vídeo que circula nas redes, é possível ver que os responsáveis pelas ações erguem bandeiras em referência à FDN.
Do dia 14 ao dia 23 deste mês, o estado do Rio Grande do Norte foi alvo de uma série de ataques organizados por facções criminosas, em retaliação às condições dos presídios. Ao todo foram registradas 298 ocorrências no estado, incluindo incêndios e tiros contra prédios públicos, veículos e residências.