Jornalistas discutem informação como bem público em evento da Unesco

Publicado originalmente em Observatório da Comunicação Pública – OBCOMP. Para acessar, clique aqui.

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) realiza nestes dias 3 e 4 de maio o Seminário Internacional de Liberdade de Imprensa para ao mesmo tempo celebrar o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa e debater as dificuldades para a liberdade de imprensa, especialmente no Brasil. O seminário conta com transmissão via canal do YouTube da Unesco e as inscrições para o segundo dia de debates estão abertasVeja o debate completo ao final da matéria.

O primeiro dia de debates contou com a participação de Patrícia Blanco, presidente do Instituto Palavra Aberta; Marcelo Rech, presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ); Luis Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE); Marlova Noleto, representante da Unesco no Brasil e Flávia Lima, ombusman da Folha de São Paulo. Ao abrir a discussão sobre a informação como bem público, Patrícia Blanco destacou que “a liberdade de imprensa é um direito de todos e precisa ser defendida diariamente” para lembrar os desafios no mundo e no Brasil com atentados contra jornalistas.

Blanco relembrou as dificuldades sobre o jornalismo na atualidade, tanto na sustentabilidade das empresas, quanto a educação midiática como parte do fortalecimento da democracia. Como mediador Marcelo Rech relembrou do atualmente se enfrenta novos tipos de censura. “É um contínuo processo de restrições a atividade da imprensa. No Brasil as ameaças vem se manifestando contra jornalistas, com assassinatos e agressões físicas”, disse relembrando também ameças contra veículos de comunicação.

A respeito do tema, o ministro Luís Roberto Barroso abordou os cenários sobre liberdade de imprensa antes e depois da Constituição de 1988 e o momento atual baseado em campanhas de desinformação, teorias conspiratórias e ódio. “Agora mudaram os inimigos da liberdade de expressão. As campanhas de desinformação, as teorias conspiratórias e as campanhas de ódio com efeito silenciador do discurso alheio que funcionam com ataques pessoais aos oradores para desqualificá-los”, apontou. O ministro pontuou ainda o trabalho de milícias digitais para tentar evitar discussões sobre determinados temas, promovidas por “nichos ideológicos ou mercenários”.

“É preciso falar em nome de um interesse público ampliado”, diz Flávia Lima

Questionados sobre o quanto a sociedade tem ideia da importância da liberdade de imprensa os painelistas refletiram sobre a necessidade de apoio a mídia, atualmente alvo de ataques. Flávia Lima lembrou em seu trabalho como ombusman vem escrevendo de modo recorrente sobre ataques a liberdade de imprensa advindos do governo federal. “O desconforto não é novo e a violência também não, infelizmente. O que diferencia o período atual, sobretudo em democracias que são liberadas por governos com pendores autoritários ou francamente autocráticos, há uma tática de guerra para deslegitimar a imprensa”, afirmou Flávia Lima lembrando que os ataques advém de diferentes táticas.

Para a jornalista a solução para lidar com tudo isso está em fazer bom jornalismo e passa por uma iniciativa clara de posicionamento por parte das empresas. “Essa noção de interesse público precisa e vem sendo ampliada. A imprensa não faz o seu papel quando ela não se posiciona contra discursos autoritários ou alimentam a violência contra a população. Ou quando ela não se posiciona contra preconceitos e racismo”, disse a jornalista acrescentando que estas vozes passaram a ser ouvidas com mais força pelas redes sociais.

Flávio Lara Resende pontuou que a Abert monitora desde 2012 casos de agressões contra a imprensa brasileira e lembrou que em 2020 foram 189 profissionais e veículos agredidos. Para a representante da Unesco os tempos atuais “são desafiadores porque vivemos uma crise de informação”. Segundo a representante da Unesco a discussão atual é um apelo pela informação bem apurada para fortalecer o jornalismo. “Desinfomedemia é a palavra que a Unesco utiliza para descrever esse problema que os cidadãos do mundo enfrentam em paralelo com a crise causada pela Covid”, apontou.

Influência da polarização na liberdade de imprensa também entra no debate

Nesta terça-feira (4) o seminário continua com o tema “Polarização e a liberdade de imprensa” com a participação dos jornalistas Amanda Ripley, Guilherme Canela, Aline Midlej e a Guilherme Amado, responsável pela moderação do evento. O evento acontece às 16h (Horário de Brasília) com transmissão pelo canal do YouTube da Unesco.

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