Publicado originalmente em Agência Lupa por Maiquel Rosauro. Para acessar, clique aqui.
Post nas redes sociais alega que votos estão sendo trocados no Condado de Tarrant, no estado do Texas, nos Estados Unidos. A publicação diz que, após votar eletronicamente, é impressa uma cédula de papel que precisa ser depositada no tabulador. Contudo – alega o post – eleitores na Biblioteca White Settlement, na cidade de Fort Worth, relataram ter votado em Donald Trump, mas a cédula de papel saiu com o nome de Kamala Harris. A publicação diz que esse fato ocorreu diversas vezes e que se trata de uma fraude eleitoral. É falso.
Por meio do projeto de verificação de notícias, usuários do Facebook solicitaram que esse material fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa:
VOTOS SENDO TROCADOS NO CONDADO DE TARRANT, TEXAS!
O Condado de Tarrant usa um processo de 2 etapas para suas máquinas de votação, chamado de máquina híbrida, “InterCivic Hybrid System” (HART).Primeiro, você vota eletronicamente.
Depois, você imprime sua cédula de papel e a deposita no tabulador antes de sair.Eleitores que saíram da Biblioteca White Settlement em Fort Worth estão relatando que quando votaram em Trump a cédula de papel saiu com o nome Kamala Harris.Isso aconteceu diversas vezes com pessoas diferentes.
Essas máquinas aparentemente foram inspecionadas e certificadas pelo Secretário de Estado do Texas e Governo Federal (Comissão de Assistência Eleitoral)
O Condado de Tarrant ficou azul pela primeira vez desde os anos 60 em 2020… Está bem claro que isso é FRAUDE ELEITORAL e a mesma coisa está acontecendo em vários estados do país.
A ELEIÇÃO JÁ ESTÁ SENDO ROUBADA!
CERTIFIQUE-SE DE VERIFICAR SUA CÉDULA DE PAPEL ANTES DE PASSÁ-LA PELO TABULADOR!”
– Texto em post que circula nas redes sociais
Falso
O post é acompanhado de um pequeno vídeo com o depoimento de um eleitor, que relata que havia acabado de votar na White Settlement. “Eu votei em um candidato a presidente e confirmei na tela do vídeo. Quando recebi a cédula de papel, estava com o nome de outro candidato”, disse o homem. O vídeo não explica o que ocorreu após o eleitor notar o problema.
O administrador eleitoral do Condado de Tarrant, Clint Ludwig, publicou um vídeo no X, em 22 de outubro, explicando que até aquele momento 102 mil pessoas haviam comparecido às urnas do condado para a votação antecipada e que apenas uma teria alegado que o voto selecionado na máquina não foi o mesmo impresso na cédula de papel.
“Acreditamos que o que ocorreu foi que o indivíduo fez uma seleção na máquina e essa seleção foi impressa em sua cédula. Quando ele foi depositar sua cédula, verificou e percebeu que não era o voto que desejava. Isso não é incomum, e há uma prática estabelecida chamada de “anulação de cédula” para lidar com essa situação. O indivíduo informou ao escrutinador responsável que precisava anular sua cédula, recebeu uma nova e conseguiu votar”, disse Ludwig.
O juiz do Condado de Tarrant, Tim O’Hare, em publicação no X também no dia 22 de outubro, disse que após a cédula de papel ser impressa, os eleitores devem revisar suas escolhas novamente antes de votar.
“Se alguma seleção pretendida não estiver listada em sua cédula de papel, você pode pedir ao juiz eleitoral para anular sua cédula, e você receberá uma nova cédula. Até agora, o Departamento Eleitoral só está ciente de que isso aconteceu uma vez”, disse O’Hare, ressaltando ainda que os eleitores podem votar com confiança no Condado de Tarrant.
A votação antecipada iniciou em 21 de outubro no Condado de Tarrant e segue até esta sexta-feira (1º). O objetivo é incentivar os eleitores a votar, já que nos Estados Unidos o voto não é obrigatório e o 5 de novembro (terça-feira), dia oficial da votação deste ano, não é considerado feriado. Dependendo do local, também é possível votar pelo correio.
Esse conteúdo também foi checado por The Dallas Morning News, CBS News e NBCDFW.
Nota: Este conteúdo faz parte do projeto Mídia e Democracia, produzido pela Escola de Comunicação, Mídia e Informação da Fundação Getulio Vargas (FGV ECMI) e a FGV Direito Rio em parceria com Democracy Reporting International e a Lupa. A iniciativa é financiada pela União Europeia.