Publicado originalmente em Agência Lupa por João Pedro Capobianco. Para acessar, clique aqui.
Circula, pelas redes sociais, publicações com vídeos de tempestades e a alegação de que as imagens são do furacão Milton, que se aproxima da Flórida, nos Estados Unidos. É falso.
Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que o conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação?:
“Caras, esse furacão Milton parece cena de filme. Loucura”
– Texto em publicação nas redes sociais
Falso
As imagens que aparecem na publicação viral não mostram o Furacão Milton, que deve atingir a Flórida na noite de quarta (9) para quinta (10). Trata-se de um compilado de imagens antigas de outros eventos climáticos. Alguns deles ocorreram na Flórida, outros não.
A primeira imagem registrada no vídeo está disponível na internet desde julho de 2018, com legenda segundo a qual uma “linha de instabilidade” atingiu a região de Park West, na Praia de Pensacola, no Noroeste da Flórida. Uma publicação no Facebook, feita pela página Aurora Borealis Observatory, em 2021, também mostra esta mesma imagem.
A segunda imagem que aparece no vídeo viral é de junho de 2022, quando uma tempestade foi gravada em Cincinnati, no estado de Ohio, nos Estados Unidos. A formação foi noticiada, à época, no Brasil, onde foi chamada de “tsunami de nuvens de rolantes”.
Em ambos os casos, trata-se de uma “nuvem prateleira”, que ocorre quando, na extremidade de uma tempestade, o ar frio se movimenta para baixo e o ar quente se movimenta para cima. Com um forte impacto visual, formações desse tipo costumam fazer sucesso nas redes sociais.
O vídeo apresenta, na sequência, outras imagens de tempestades, mas nenhuma tem relação com o Furacão Milton.
Desinformação associada a furacões
Após a passagem do furacão Helene, que atingiu a Flórida em 26 de setembro, e com a proximidade do furacão Milton da costa norte-americana, diversos conteúdos enganosos passaram a circular nas redes sociais. A Agência Reuters publicou um compilado de checagens sobre rumores e teorias da conspiração relacionadas aos furacões Milton e Helene.
Além de vídeos falsos e descontextualizados, circulam também teorias como a de que a tempestade teria sido criada pelo “ultrassecreto” Haarp (Programa de Investigação de Aurora Ativa de Alta Frequência), frequente em teorias conspiratórias.
A diretora da Agência Federal de Gestão de Emergências (Fema) nos Estados Unidos, Deanne Criswell, afirmou ao The New York Times que o nível de desinformação associada às tempestades a impressionou: “Antecipei parte disso, mas não na extensão em que estamos vendo”, disse Criswell.