Vídeo mostra campanha paquistanesa contra sequestro de crianças, não ação do PCC

Publicado originalmente em Agência Lupa por Evelyn Fagundes. Para acessar, clique aqui.

Circula nas redes sociais um vídeo que mostra uma criança sendo sequestrada por duas pessoas em uma moto. O áudio do conteúdo afirma que a ação foi feita pela facção Primeiro Comando da Capital (PCC). As afirmações são falsas.

Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que esse conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação?:

O PCC deu um salve geral aí que eles pegaram uma encomenda de órgãos infantis. Então eles têm que arrumar órgãos infantis de crianças de 1 até 5 anos de idade […] Eles estão sequestrando essas crianças e retirando esses órgãos. Consequentemente, elas morrem

– Transcrição de trecho do vídeo que circula no WhatsApp

Falso

O vídeo compartilhado nas redes sociais não tem relação com o PCC e tampouco foi gravado no Brasil. Na realidade, a filmagem é uma encenação que fez parte de uma campanha feita em 2016 pela organização paquistanesa Roshni Helpline. O vídeo buscava conscientizar para a importância de não deixar crianças desacompanhadas de seus responsáveis. 

A organização do Paquistão também publicou o conteúdo no YouTube em 14 de junho de 2016. Nos instantes finais da filmagem, a criança sequestrada no início da gravação retorna com as duas pessoas na moto. Uma delas levanta uma faixa que diz, em inglês, que “leva apenas um momento para sequestrar uma criança das ruas de  Karachi”, cidade mais populosa do Paquistão.


Por busca reversa, foi possível encontrar o conteúdo original em uma publicação feita pelo portal indiano The News Minute em maio de 2018. No site, se afirma que o mesmo vídeo foi compartilhado na Índia sob a narrativa de que sequestradores estariam nas cidades do país raptando crianças.

Em junho do mesmo ano, a BBC Índia apurou que, por conta desses rumores, ao menos sete pessoas morreram — sendo que duas delas foram atacadas quando pararam para pedir informações. Segundo a reportagem, os moradores acreditaram que os dois homens eram os sequestradores que viram no vídeo compartilhado no WhatsApp.

Não é a primeira vez que o vídeo desinformativo é compartilhado nas redes sociais brasileiras. A Lupa identificou no Facebook publicações feitas em 2020 e em 2016 com a mesma filmagem e narrativa que indica que o sequestro gravado teria sido feito pelo PCC.

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