Vacinas de RNA não contêm grafeno que causa ‘líquido escuro’ em coração

Publicado originalmente em Agência Lupa por Evelyn Fagundes. Para acessar, clique aqui.

Circula nas redes sociais publicação afirmando que vacinas de RNA mensageiro (mRNA), a exemplo do imunizante contra Covid-19 da Pfizer, conteriam um composto de carbono chamado grafeno. O post sugere que essa substância causa diversos problemas cardíacos. O vídeo que acompanha a publicação mostra um coração com um líquido escuro dentro. A afirmação é de que esse seria um dos efeitos do grafeno em vacinas de mRNA em pessoas que foram vacinadas contra a Covid. É falso. 

Por WhatsApp, leitores sugeriram que o conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa?:

Veja o que a “vacina” está fazendo com o coração das pessoas. Esta substância chama-se: Óxido de Grafeno e está presente nas injeções

– Legenda que acompanha o post que circula nas redes sociais

Falso

As vacinas de RNA mensageiro, mesma tecnologia usada pela Pfizer, não contêm grafeno em suas composições. Além disso, líquido escuro que aparece dentro de coração não tem relação com o imunizante. Trata-se, na verdade, de sangue coagulado, segundo cardiologistas ouvidos pela reportagem.

O grafeno é uma substância cristalina composta de carbono que pode ser utilizada para conduzir calor e eletricidade. Conforme as bulas das vacinas aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o grafeno não está presente na composição dos imunizantes adotados no país, a exemplo da vacina da Pfizer (monovalentebivalente BA.1 BA.4/BA.5). 

A Anvisa, em checagem anterior produzida pela Lupa, já havia desmentido esse boato, de que o grafeno era um composto dos imunizantes utilizados no Brasil. “A regulamentação de produtos estéreis é bastante rigorosa em relação à presença de impurezas, inclusive aquelas que possam ser resultantes do processo de produção de medicamentos e vacinas”, destacou a agência, em nota. 

As imagens que mostram um líquido escuro saindo de um coração no momento em que é dissecado tampouco tem relação com o grafeno. Trata-se de sangue coagulado, como afirmaram os médicos Marcelo Cantarelli, membro da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, e Eduardo Pesaro, assessor científico da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo

“Quando a pessoa morre e se cessa a circulação, ocorre a coagulação pelo fato do sangue ficar parado”, aponta Cantarelli. “Depois do falecimento de qualquer ser vivo, o sangue coagula rapidamente. Então, esse vídeo não tem nenhum recurso para indicar uma causa de falecimento. O vídeo não quer dizer nada. Não há nenhum indício de nenhum tipo de causalidade”, explica Pesaro. 

Não é a primeira vez que a Lupa analisa conteúdos que afirmam que o grafeno está presente em vacinas ou em alimentos. Em junho deste ano circulou nas redes sociais um vídeo citando que o composto de carbono estava presente em diversos produtos, como em margarinas e bebidas. O boato foi desmentido.

Nota: Este conteúdo foi produzido pela Lupa com apoio do Instituto Todos pela Saúde (ITpS)

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