UESPI retoma aulas presenciais com prédios alagados e 500 disciplinas sem professores

Publicado originalmente em Ocorre Diário. Para acessar, clique aqui.

As aulas presenciais na Universidade Estadual do Piauí (UESPI) retornaram nesta segunda-feira (18/04). Apesar da alegria de poder retornar presencialmente às atividades na Universidade, o cenário encontrado por estudantes, professores e técnicos no Campus Poeta Torquato Neto é de abandono. Muitos estudantes até tentaram voltar às aulas, mas não conseguiram. Isso porque muitos cursos permanecem sem professores. Ao todo, são mais de 500 disciplinas descobertas, ou seja, sem professores. Um cenário bem mais grave que o observado antes da pandemia, quando esse número era de cerca de 314 disciplinas.

“Acontece que a universidade fez um seletivo para professores substituto e muitos deles decidiram não renovar o contrato para as aulas presenciais, porque são de outros estados. Ademais, os salários para professores substitutos são baixíssimos na UESPI, e muitos estão desistindo”, afirma Rosângela Assunção, coordenadora geral da Associação dos Docentes da UESPI – ADCESP.

Durante o primeiro dia de aula (segunda-feira, 18/04), um grupo de representantes da ADCESP realizou um momento de denúncia pública acerca da situação da UESPI, reivindicando condições dignas e seguras para o retorno presencial.

“Passamos por vários espaços da Universidade. Vimos muitas salas vazias, mas também muitas salas cheias de estudantes. Nós, da ADCESP, defendemos o retorno presencial. Achamos que, de fato, já é o momento de voltar para a universidade e, por dentro dela, fazer as de denúncias e lutar por melhores condições. Entretanto, esse retorno precisa vir acompanhado de condições estruturais, corpo docente suficiente e medidas de biossegurança que garantam uma volta às aulas de modo seguro”, afirma Rosângela Assunção.

Todavia, o que temos até o momento são velhos problemas acumulados. Faltam professores efetivos (e substitutos), as estruturas seguem sucateadas em muitos campi, a desvalorização docente se aprofundou e ainda não há uma garantia para implantação concreta das condições de Biossegurança para um retorno seguro.

“O sentimento é de alegria e tristeza. alegria pelo retorno e tristeza pelo fato de encontrarmos nossa Universidade pior do que estava no período anterior ao início da pandemia. O que a gente percebe é que o Governo do Estado e a Reitoria tiveram dois anos para preparar a Uespi para esse momento do retorno presencial, mas não fizeram a contento”, afirma o professor Antonio Dias, Coordenador de Comunicação da ADCESP.

Foto: ADCESP

Limpeza, segurança e condições gerais da Universidade

Hoje pela manhã, no maior Campus da UESPI (Campus Poeta Torquato Neto) os/as coordenadores/as da ADCESP perceberam a pouca presença de profissionais de serviços gerais e segurança no campus. A professora Rosângela Assunção lembrou que em 2020, em razão do “Plano de Contingenciamento de gastos do governo do Estado do Piauí” para o enfrentamento à pandemia, diversos trabalhadores terceirizados foram demitidos, com a expectativa que chegasse a aproximadamente 30 demissões somente na UESPI.

“Não vimos seguranças nas guaritas, apenas alguns circulando internamente pelo campus. O pessoal dos serviços gerais estão em pequeno número e o resultado é uma universidade quase em situação de abandono”, afirma.

Foto: ADCESP

Prédio da FACIME alaga e estudantes não tem aula

No Centro de Ciências da Saúde (FACIME), a forte chuva do último domingo (17) inviabilizou o início das aulas no dia de hoje porque, boa parte do campus, incluindo as salas de aulas, ficaram tomadas pelas águas das chuvas. Para o Diretório Central dos Estudantes (DCE UESPI Livre), a situação dos prédios que os estudantes tem encontrado é deplorável.

“Os registros do Centro de Ciências da Saúde (CCS-UESPI), o prédio está em condições precárias, com infiltrações, salas alagadas e sem estruturam nenhuma para comportar os estudantes. A UESPI vive num abandono total por parte do Governo do estado e de uma Reitoria que permanece omissa diante do sucateamento. Num retorno em que não há o mínimo de estrutura para oferecer aos estudantes, sem políticas de assistência e permanência estudantil, e com mais de 500 disciplinas sem professores”, afirma o DCE em nota.

O DCE UESPI convoca toda a comunidade acadêmica para debater saídas frente aos processos de precarização nesta quarta-feira (20), numa Assembleia Estudantil, (horário e local ainda serão definidos).

Foto: DCE UESPI Livre

Reitoria da UESPI anuncia concurso e novos investimentos

A reitoria da UESPI anunciou, nesta segunda-feira, a autorização para realização de teste seletivo para professores/as substitutos (83 vagas) e concurso público para professores/as efetivos (60 vagas). Além disso, anunciou ainda recursos para reformas e modernização, que podem ser implementados até o final deste ano. Ainda de acordo com a administração superior, para o retorno, discentes, docentes e técnicos administrativos deverão seguir os protocolos sanitários definidos em função da Covid-19.

“O protocolo foi montado a partir de recomendações apresentadas por instituições acadêmicas e por órgãos responsáveis pelas políticas de saúde coletiva no Brasil, a partir da predominância da variante ômicron do vírus Sars-CoV-2, em janeiro de 2022. No documento, estão presentes todos os possíveis questionamentos e recomendações necessárias para que tudo ocorra com segurança como vacinação, uso de máscaras de proteção facial, distanciamento, higienização individual, ventilação de ambientes, monitoramento, comunicação e procedimentos em caso de sintomas de síndrome gripal ou de síndrome respiratória aguda grave”, afirma a reitoria.

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Com informações de DCE UESPI Livre e ADCESP

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