Transnacionais destroem Cerrado piauiense, afirma relatório da Rede de Justiça

Publicado originalmente em Ocorre Diário. Para acessar, clique aqui.

É estarrecedor o relatório da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos sobre atuação de empresas transnacionais do agronegócio no Cerrado piauiense. O documento revela como funciona a grilagem de terras na área e as ações dos grileiros e empresas do agronegócio ligadas a fundos internacionais que agem promovendo desmatamento, adquirindo registros falsos de imóveis comprados nos cartórios da região, montando milícias armadas para expulsar comunidades tradicionais dos seus territórios. Tudo com a condescendência dos governos.

Os pesquisadores da Rede Social conseguiram encontrar o fio da meada do emaranhado de ações corruptas e lucrativas que levam a destruição do Cerrado e o extermínio dos povos nativos do Bioma, atuando sempre com violência, desmatamento e poluição da água. O objetivo é um só lucrar com a especulação de terras que hoje chega a valores estratosféricos.

“No sul do Piauí, foco deste relatório, as pesquisas descrevem a atuação de empresas do agronegócio no Brasil, como a Radar Propriedades Agrícolas S.A./ Tellus, Insolo Agroindustrial e a SLC Agrícola e SLC LandCo, e suas relações com a trading company Bunge e com corporações financeiras transnacionais como o fundo de pensão estadunidense TIAA, a Universidade de Harvard e o fundo de investimento Valiance Asset Management, do Reino Unido”, afirma o relatório. 

A atuação destas empresas estimula processos de grilagem de terras, desmatamentos, violência contra comunidades rurais e poluição da terra e das águas por agrotóxicos, entre outros impactos socioambientais. O capital de todas elas  está presente  na cadeia produtiva da soja, tendo a Bunge como detentora do monopólio sobre a comercialização da soja. 

“O processo de expansão territorial do agronegócio e sua conexão com a especulação no mercado de terras gera uma tendência de alta do preço da terra no Brasil, e especialmente no MATOPIBA”, revela o relatório. Esta tendência estimula a especulação com terras em áreas como o município de Santa Filomena, no sul do Piauí, onde empresas se beneficiam do desmatamento do Cerrado e da grilagem de terras

A grilagem de terras gera violência e deslocamento de comunidades rurais, que têm vivido na região por muitas gerações. As áreas mais cobiçadas pelo agronegócio são as chapadas do Cerrado, com terras planas e altas, onde se expande o monocultivo de soja com possibilidade de produção mecanizada. Os pesquisadores apelam para que se construa solidariedade nacional e internacional em defesa do direito à terra de comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas e camponesas. 

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