Publicado originalmente em *Desinformante por Matheus Soares. Para acessar, clique aqui.
Os usos de redes sociais cresceu e continuou como uma das principais atividades realizadas online pelos jovens brasileiros. De acordo com os dados anunciados hoje, (3/5), na pesquisa TIC Kids Online, o TikTok é a rede social preferida entre os usuários mais novos. Cerca de 46% das crianças entre 9 a 12 anos acessam a plataforma de vídeos, embora a idade mínima para o uso estabelecida pela própria empresa seja de 13 anos. Os resultados se referem a dados coletados em 2022 pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br).
Já o Instagram ganha destaque entre adolescentes de 13 a 17 anos. Mais da metade dos jovens entre 15 a 17 anos, por exemplo, acessam a rede social. Dados sobre o Youtube não foram considerados pela edição da pesquisa.
Os usos das plataformas entre classes sociais são parecidos. Apenas entre os usuários das classes AB há uma pequena dianteira do Instagram em relação ao TikTok (enquanto 40% estão na primeira, 38% estão na segunda). Já os usuários das classes C e D têm usos semelhantes.
Outra atividade que registrou tendência de aumento foram os jogos online. Enquanto em 2015, apenas 22% dos entrevistados diziam jogar games digitais, em 2022 esse número chegou aos 43%. Os usuários mais novos também são os principais adeptos: dizem realizar essa atividade 60% dos usuários entre 9 a 10 anos, 65% entre 11 a 12 anos e 61% entre 13 a 14 anos.
Universo de usuários crianças e adolescentes cresceu 8% em 2022
Em 2022, 86% dos usuários entre 9 e 17 anos possuíam um perfil em alguma plataforma, um aumento de 8% em relação aos dados de 2021. TikTok e Instagram figuram entre as mais utilizadas pelos jovens no país.
A acessibilidade digital também cresceu entre o público. Se em 2021, 93% dos entrevistados utilizavam a Internet, em 2022, esse número passou para 96%, o que representa um total de 24,4 milhões de pessoas. Mesmo assim, a pesquisa apontou que 1,2 milhões de usuários não tinham acesso frequente à rede e 940 mil nunca acessaram a Internet.
Habilidades operacionais se sobrepõem a habilidades críticas
As habilidades que surgem a partir dos usos das redes digitais por crianças e adolescentes também foram mapeadas pela pesquisa. Perguntas sobre questões operacionais, bem como sobre privacidade e confiança das informações foram feitas aos participantes.
Como explicou Luísa Adib, coordenadora de pesquisa do Tic Kids Online, as habilidades operacionais dos usuários entre 9 a 17 anos se sobressaíram em relação às habilidades críticas. Enquanto 94% dos entrevistados disseram saber como baixar ou instalar um aplicativo, apenas 62% sabem como verificar se um site é confiável.
Além disso, os números mostram que parte dos jovens desconsideram as dinâmicas de agência algorítmica na recomendação de conteúdos online. Dentre os pesquisados, 50% acham que a primeira publicação que vê nas redes sociais é a última que foi postada por um dos contatos e 51% acreditam que todos encontram as mesmas informações quando pesquisam coisas na Internet.
Mesmo assim, os índices de reconhecimento de bullying são altos: 78% disseram saber reconhecer quando alguém está sofrendo ataques virtuais e 70% afirmaram ter conhecimento de como denunciar conteúdos ofensivos relacionados a menores de idade. Um novo indicador também mostrou que 79% das crianças e adolescentes estão sendo cuidadosas com a própria privacidade digital e com as informações pessoais que são compartilhadas na rede.
Crianças e adolescentes reportam casos de ofensas online, primeiro, para os amigos
A TIC Kids Online também divulgou dados referentes aos usos relacionados à saúde e bem-estar da Internet pelos adolescentes. Enquanto que para um pouco mais de um terço dos usuários as redes digitais ajudaram a lidar melhor com problemas de saúde, 33% dos usuários de Internet de 9 a 17 anos reportaram ter acontecido alguma coisa na Internet que não gostaram, os ofenderam ou chatearam.
“A gente tem a Internet como um canal que essas situações [ofensivas] ocorrem, mas também um canal em que elas reportam, e compartilham ou buscam ajuda para lidar com as questões de saúde e bem estar”, explicou Luísa.
O estudo mostrou que, quando acontece algo que os ofendem, os jovens procuram, primeiro, os amigos e pares da mesma idade para compartilhar as experiências. Em seguida, vêm os pais e, por último, os professores. Meninas e adolescentes de faixas etárias mais elevadas, entre 13 a 17 anos, são os dois públicos que mais reportam às pessoas próximas sobre casos ofensivos online presenciados.
Método da pesquisa
A pesquisa TIC Kids Online 2022 foi realizada pelo Cetic.br e busca analisar como as crianças e adolescentes lidam com as oportunidades e os riscos online, compreendendo as condições de acesso, as principais atividades realizadas e as habilidades desenvolvidas.
O relatório divulgado nesta quarta-feira, reuniu os dados mapeados entre julho e outubro do ano passado, e entrevistou 2.604 crianças de 9 a 17 anos em todo o país. Também foram ouvidos 2.604 pais ou responsáveis em entrevistas face a face.