Publicado originalmente em Jornal da UFRGS. Para acessar, clique aqui.
Com o objetivo de ampliar os horizontes e trazer novas perspectivas aos vestibulandos, o Jornal da Universidade realizou na última semana dois saraus sobre Várias Histórias, de Machado de Assis, e Um útero é do tamanho do punho, de Angélica Freitas. Os dois livros integram a lista de Leituras Obrigatórias do Vestibular 2025 da UFRGS e foram interpretados na Sala Qorpo Santo por estudantes de Teatro da Universidade sob supervisão da professora Inês Marocco.
No primeiro dia do evento, na terça-feira (8), cerca de 70 pessoas acompanharam a composição cênica de três narrativas do livro Várias Histórias, do escritor Machado de Assis. Os atores Matheus Vitória, Jean Bond, Victoria Carnelli, Sophia Lovison, Clarissa Böck e Giovana Morais costuraram os contos “Um Apólogo”, “A Cartomante” e o “Homem Célebre” em um único espetáculo.
Ao final da apresentação, houve uma conversa entre plateia e atores, com mediação do professor e poeta Ronald Augusto. Em sua fala, ele ressaltou a complexa tarefa que os atores exerceram ao transpor a linguagem literária de Machado, conhecida por suas lacunas descritivas, à experiência teatral.
Os atores, ao comentarem sobre seus processos criativos para a elaboração da peça, destacaram que a maior dificuldade foi escolher uma dentre as várias interpretações possíveis dos textos machadianos. Para transpor essa dificuldade, os graduandos procuraram complementar as brechas nas histórias com a linguagem teatral, sobretudo pensando no divertimento dos vestibulandos. Um desses exemplos foi a personificação das personagens Agulha e Linha, que no texto original eram objetos inanimados.
Na sexta-feira (11), o evento teve continuidade, dessa vez com um sarau sobre Um útero é do tamanho do punho, de Angélica Freitas. Acompanhada por cerca de 45 pessoas, a montagem cênica foi construída e encenada pelos atores e estudantes de Teatro Clarí Tittoni, Fae de Sousa, Alícia Froerner e Paloma Sanchez a partir do entrelace de alguns poemas da obra.
Ao final da apresentação, junto dos intérpretes do espetáculo, a professora do Instituto de Letras da UFRGS Rita Lenira Bittencourt promoveu um momento de interação com a plateia, trazendo alguns comentários sobre a obra.
Em uma de suas falas, a docente destacou o caráter teatral e artístico da poesia da escritora Angélica Freitas. “É perfeitamente possível entender ela como uma construtora do teatro. O poema que ela traz é atravessado por muitas artes, e nesse caso, ela faz um desencaixe do que é ser mulher”, observa a professora, enfatizando a escolha da autora como uma composição importante nas Leituras Obrigatórias do Vestibular UFRGS 2025.
Além dos saraus, o JU produz, anualmente, um especial sobre as Leituras Obrigatórias do Vestibular. Na edição especial deste ano, uma série de reportagens destacam aspectos e fazem análises interpretativas das obras indicadas pela Universidade. Ainda, uma entrevista em que o escritor Jeferson Tenório – autor de O Avesso da Pele, que integra a lista – reflete sobre paternidade, racismo, docência e literatura.
Confira a matéria da UFRGS TV sobre os saraus: