Sociedade realiza mobilização contra censura em rádio universitária no Ceará

Publicado originalmente em Observatório da Comunicação Pública – OBCOMP. Para acessar, clique aqui.

A Rádio Universitária, ligada à Universidade Federal do Ceará (UFC), está sob tentativa de censura por parte da Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura (FCPC), de acordo com representantes da comunidade acadêmica da UFC e do Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce). As interferências levaram, em 16 de maio, à demissão do diretor da rádio, Nonato Lima, e à suspeita de que a programação da emissora passe a atender interesses particulares, em detrimento da comunicação pública.

O diretor da rádio, Nonato Lima, docente do curso de Jornalismo da UFC, foi afastado da direção da rádio universitária e também não está mais no programa “Rádio Livre” que comandava na emissora. O afastamento aconteceu depois de o diretor não aceitar ordens vindas da Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura (FCPC) para a propagação de pontos de vista negacionistas e também o impedimento de músicas relacionadas à cultura afro-brasileira. A sociedade realizou manifestação contra a censura na UFC com a participação de artistas, comunidade universitária e sindicalistas.

Após seu afastamento da rádio, o professor Nonato Lima passou a comandar a Rádio Peleja, um programa a partir do Spotify. “Seguiremos defendendo os direitos assegurados pela Constituição Cidadã, ecoando todas as vozes, fazendo um jornalismo ético e de qualidade e pelejando por um país melhor. O programa Rádio Livre, esse jovem adulto de 26 anos e que já sobreviveu a muitas adversidades, permanece vivo e seguirá contestando tudo aquilo que não for democrático”, disse no perfil da rádio no Instagram.

A UFC divulgou que realizou uma reunião da FCPC e da administração superior com a equipe da rádio universitária “para discutir os próximos passos da emissora”. Sem a presença do presidente da fundação, os representantes falaram que a independência editorial da rádio está assegurada. Porém, a universidade não se manifestou sobre a interferência no conteúdo editorial da rádio para abrigar pautas negacionistas e as restrições à cultura afro. A universidade publicou ainda a intenção de que “se busque captar recursos por meio de apoio cultural a fim de realizar investimentos na própria rádio” sem um plano de ação neste sentido.

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