Publicado originalmente em Jornal da UFRGS por Ana Gonzalez. Para acessar, clique aqui.
Tecnologia | Com o intuito de facilitar a busca de familiares e tutores, iniciativas de voluntários reúnem bases de dados para centralizar informações de resgatados
*Foto: Flávio Dutra/JU
Foi ao precisar buscar por um conhecido em uma planilha dos alojados em abrigos no Rio Grande do Sul que a designer de produto Bibiana Branco percebeu que havia alguns problemas no modo como as informações eram apresentadas que comprometiam a eficácia das buscas. “Eu percebi que a lista tinha muitas abas, que era muito complicado, tinha que ficar procurando aba por aba”, explica. “A busca não estava preparada para erro de digitação, e tinha muito erro de digitação”, complementa.
Diante do cenário de calamidade pública no estado devido às cheias e da carência de um sistema unificado para compilar os nomes de pessoas abrigadas num mecanismo de busca organizado e eficaz, Bibiana se juntou a outros desenvolvedores para botar no ar o site Busca Resgatados. A iniciativa oferece uma ferramenta de busca que compila planilhas de abrigados em todo o estado, e a designer estima que cerca de 60 mil pessoas possam ser encontradas através do site.
Na manhã desta quinta-feira, 23 de maio, o governo estadual calcula que 65.762 pessoas estejam alojadas nos 805 abrigos provisórios cadastrados junto ao governo — o número não leva em conta os abrigos sem cadastro na iniciativa de mapeamento ligada à Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia do estado. “No entanto, nem todas elas talvez estejam sendo buscadas, talvez elas estejam com internet, com contato com a família”, observa Bibiana.
Através dos esforços de ao menos 18 voluntários – entre idealizadores, desenvolvedores e responsáveis pela comunicação com outras iniciativas –, o Busca Resgatados foi ao ar menos de 24 horas após sua idealização. “Foi um processo meio orgânico. Teve momentos em que era minha mãe ajudando a digitar nomes de listas que vinham por escrito”, lembra Bibiana.
Apesar de não ser possível estimar quantas pessoas foram ajudadas pela ferramenta, Bibiana recebeu relatos de familiares e voluntários que encontraram conhecidos e se reuniram com suas famílias através do site. “Isso foi muito gratificante”, relata.
Para utilizar a ferramenta, o usuário deve inserir o nome da pessoa procurada no mecanismo de busca. O resultado será uma lista de resultados compatíveis indicando nome completo, localização e, em alguns casos, a idade. Caso não haja resultados compatíveis, o usuário ainda pode se cadastrar para receber atualizações pelo WhatsApp caso o nome procurado seja adicionado à base de dados no site posteriormente.
Plataforma para pets
Muitas pessoas também foram separadas de seus animais de estimação durante as evacuações que se fizeram necessárias por conta das condições climáticas. Para reunir tutores e pets e centralizar as informações sobre animais resgatados em um só lugar, também foi criado o site Ache Seu Pet RS, que reúne cães, gatos, aves e outros animais resgatados, oferecendo informações de contato dos resgatantes e lares temporários que estão abrigando os bichinhos.
O site utiliza filtros de localização, cor, espécie, porte, raça e sexo para localizar animais perdidos e reuní-los com seus tutores. Não é necessário realizar nenhum tipo de cadastro para utilizar a ferramenta de busca, mas qualquer pessoa cadastrada pode se voluntariar para inserir mais animais na base de dados. Pessoas que buscam por seus animais perdidos também podem cadastrá-los no site, na aba “Tutor busca pet”.