Protesto do Dia Internacional das Mulheres será de resistência democrática contra Bolsonaro

Publicado originalmente em Brasil de Fato por Vanessa Grazziotin. Para acessar, clique aqui.

Nos aproximamos do 8 de março, Dia Internacional da Mulher, data em que lembramos as nossas lutas e reafirmamos nossa disposição de construir um mundo mais justo, sem preconceitos, sem violência, de oportunidades e com trabalho e remuneração dignos para as mulheres.

No Brasil, nosso 8 de março será de resistência democrática contra Bolsonaro e seu governo conservador e de fome. Impossível não relacionar a luta das mulheres com a necessária derrota de Bolsonaro nas próximas eleições. Ele é um entrave aos avanços e, mais do que isso, é responsável pelas inúmeras perdas que tivemos, de vidas, de direitos, de uma existência digna.

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Em junho do ano passado, a Justiça Federal de São Paulo condenou o governo por ofensas contra as mulheres, em ação do Ministério Público Federal que listou uma série de declarações do presidente e da ministra Damares Alves e do ministro Paulo Guedes que discriminam e reforçam o preconceito. A pena é o pagamento de R$ 5 milhões por danos morais e coletivos e R$ 10 milhões em campanhas de conscientização sobre a violência, sobre os direitos que as vítimas têm de contar com segurança, saúde e assistência pública, e sobre a implementação de políticas que visem a igualdade de gênero. “Os fatos e provas retratadas nos autos evidenciam a despreocupação e até mesmo o escárnio dos agentes do governo com a situação de marginalização social das cidadãs brasileiras, além de denotar o absoluto menosprezo em relação ao dever institucional de promoção da igualdade de gênero e ao princípio da moralidade administrativa, ambos relegados em prol de determinada cartilha política”, diz a sentença assinada pela juíza Ana Lúcia Petri Betto.


As manifestações por “Ele Não” durante a campanha eleitoral de 2018 posicionou as mulheres firmemente contra a candidatura de Bolsonaro por compreender seu caráter retrógrado / Marcha Mundial de Mulheres

Bolsonaro e seus filhos são o que de pior existe, verdadeiros monstros a nos perseguir. Na última semana, o filho Eduardo relacionou um acidente na construção de obra no metrô de São Paulo às mulheres que lá trabalham. Enquanto lutamos arduamente para conquistar espaços no mundo do trabalho, essa milícia fascista nos persegue. Felizmente, foi prontamente repudiado pela empresa responsável pela obra, reafirmando que prioriza a contratação de mulheres, que elas são competentes e que tomará providências judiciais contra a declaração.

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Desde que assumiu, esse governo tem as mulheres como alvo de suas políticas nefastas. Mesmo antes de ser presidente, Bolsonaro já odiava as mulheres, quem não se lembra do “você não merece ser estuprada” (para a deputada Maria do Rosário)?

Quatro anos depois a desgraça que tomou conta do país atinge muito mais as mulheres. Segundo levantamento da FGV Social, 28 milhões de brasileiros estão abaixo da linha da pobreza. Pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que a taxa de desemprego entre as mulheres chegou a 17,9% no primeiro trimestre de 2021, enquanto entre os homens foi de 12,2%. A fome e a insegurança alimentar são maiores nos lares chefiados pelo sexo feminino. Além disso, as mulheres ainda são responsáveis pelos cuidados com a escola, vacinação, saúde de suas crianças.

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Mulheres mães, tias, avós que são as principais cuidadoras foram obrigadas a ouvir do presidente sobre a morte de crianças por coronavírus: “Algumas morreram? Sim, morreram. Lamento profundamente, tá? Mas é um número insignificante e tem que se levar em conta se ela tinha outras comorbidades também.” Como aceitar essa declaração, quando o país tem acesso às vacinas que salvam e sobre as quais Bolsonaro levanta dúvidas diariamente e faz campanha contra a imunização?

Poderíamos continuar listando o rol de barbaridades desse governo, porque ele é imenso. Mas temos o suficiente para justificar o repúdio que as mulheres brasileiras sentem por Bolsonaro.

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Levantamento do PoderData, do site Poder360 realizado entre 31 de janeiro e 1º de fevereiro, mostra que apenas 17% das mulheres pretendem reeleger o atual presidente. O estudo indicou que 59% das mulheres acham o presidente ruim ou péssimo. Entre os homens, a taxa de é de 47%.

Neste 8 de março vamos ampliar a mobilização e apontar o caminho da unidade para derrotar Bolsonaro e construir uma grande frente em defesa dos direitos das mulheres e de toda a população. Ele Não! será ouvido em todo o país, porque sem ele nossa vida será muito melhor.

*Vanessa Grazziotin é ex-senadora da República e membro do Comitê Central do PCdoB. Leia outros artigos.

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Vivian Virissimo

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