Pfizer não disse que vacinas são ‘projeto militar de bioterrorismo’

Publicado originalmente em Agência Lupa por Evelyn Fagundes. Para acessar, clique aqui.

Circula nas redes sociais uma imagem afirmando que a farmacêutica Pfizer teria dito que as vacinas contra a Covid-19 seriam um “projeto militar de bioterrorismo”. É falso

Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que esse conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação?:

BOMBA! Pfizer afirma que as vacinas eram um projeto militar de bioterrorismo e terrorismo químico do Departamento de Defesa

– Trecho do texto da imagem que circula no WhatsApp

Falso

Não há evidências de que a Pfizer afirmou que as vacinas são um “projeto militar de bioterrorismo”. Nos portais de comunicação oficiais da farmacêuticanão existem registros que comprovem a declaração exibida no post desinformativo. Em diversos estudos e testes, os imunizantes contra a Covid-19 já se mostraram comprovadamente seguros e eficazes. 

Embora o título diga que a Pfizer teria dado a suposta declaração sobre as vacinas, o texto esclarece que, na verdade, as acusações foram feitas por uma pessoa que é apresentada como “ex-executiva de pesquisa e desenvolvimento farmacêutico”. Em seu perfil no LinkedIn, ela se diz “empreendedora de dispositivos farmacêuticos e médicos” e não registra qualquer passagem como funcionária da Pfizer.

Em tom conspiratório, o texto afirma que a imunização contra a Covid-19 seria parte de um suposto plano do Departamento de Defesa dos Estados Unidos com a cumplicidade da indústria farmacêutica. Não existem informações que comprovem as alegações citadas.

A empreendedora também faz interpretações inadequadas de dados do Sistema de Notificação de Eventos Adversos de Vacinas (Vaers, na sigla em inglês), que coleta relatos de reações adversas a vacinas e não deve ser usado para estabelecer relações de causa e efeito — o próprio sistema avisa que as notificações podem conter “informações incompletas, imprecisas, coincidentes ou não-verificáveis”.

Além disso, ao contrário do que alega o texto desinformativo, as informações sobre os componentes das vacinas produzidas pela Pfizer são públicas e estão disponíveis no site da empresa. É possível consultar a bula da vacina monovalente e dos imunizantes bivalentes BA.1 e BA.4/BA.5. As fórmulas não possuem compostos tóxicos.

Segurança e eficácia

Todas as vacinas aplicadas no Brasil passaram por testes que envolveram dezenas de milhares de pessoas e, posteriormente, foram aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O imunizante monovalente da Pfizer recebeu registro definitivo para uso no país em fevereiro de 2021.

O avanço da vacinação ajudou a conter a evolução da Covid-19, que matou mais de 700 mil pessoas no Brasil. Desde o início da vacinação no país, foram aplicadas 516,9 milhões de doses, segundo o Ministério da Saúde.

Em nota encaminhada à Lupa, a Pfizer disse que a segurança do imunizante foi comprovada em testes realizados em diversos países. “Agências regulatórias pelo mundo, como FDA [Food and Drug Administration, dos Estados Unidos], EMA [Agência Europeia de Medicamentos] e Anvisa autorizaram o uso da vacina contra a Covid-19 da Pfizer/BioNTech. Essas autorizações são baseadas em avaliações robustas e independentes, de dados científicos sobre qualidade, segurança e eficácia, incluindo nosso estudo clínico de fase 3”, disse no comunicado.

A farmacêutica negou que atualmente exista qualquer alerta de segurança sobre o uso da vacina que impeça a imunização. “A companhia já distribuiu globalmente mais de 4,6 bilhões de doses da vacina ComiRNAty em mais de 181 países ao redor do mundo e não há, até o momento, qualquer alerta de segurança ou preocupação, de modo que o benefício da vacinação segue se sobrepondo a qualquer risco”. 

Nota: Este conteúdo foi produzido pela Lupa com apoio do Instituto Todos pela Saúde (ITpS)

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