Pesquisadora associada do objETHOS ministra seminário na Universidade do Minho

Publicado originalmente em ObjETHOS. Para acessar, clique aqui.

Na última quinta-feira, 1º, a professora aposentada da UFF e pesquisadora associada do objETHOS Sylvia Moretzsohn ministrou o seminário “Falar acima do barulho das máquinas: degradação da democracia, privatização da informação e luta política”. O evento, realizado no Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho/Portugal, foi organizado pelo Observatório de Políticas de Ciência, Comunicação e Cultura (PolObs) do Centro de Estudos de Comunicação e Cultura (CECS) dessa mesma instituição.

A professora, que também é investigadora do PolObs, explica que falar sobre o barulho das máquinas é uma forma de expressar a necessidade de combate à alienação. É com base nessa metáfora, formulada pela jornalista brasileira Josi Guglielmi a partir da cena final de “A classe operária vai ao paraíso”, que o seminário propôs avançar na discussão sobre as dificuldades de se combater a desinformação.

A ideia foi trazer o debate para o contexto atual de recrudescimento do fascismo, ressaltando a importância de se considerar o atual quadro de crise epistêmica e o aprofundamento do processo de privatização da informação como pontos fundamentais para enfrentar essas problemáticas.

“Procurei juntar esses pontos, degradação da democracia, privatização da comunicação, controle algorítmico e crise epistêmica, para questionar as premissas mais comuns de combate à desinformação e propor outros caminhos para essa luta. Minha preocupação é articular essa discussão ao movimento do capital, que é indissociável das profundas transformações tecnológicas que nos afetam em todos os níveis e que está na base do processo de desdemocratização em curso pelo mundo afora”, explicou Sylvia.

Ela ainda ressaltou uma das referências fundamentais de sua exposição, o livro “O valor da informação: de como o capital se apropria do trabalho social na era do espetáculo e da internet”, de Marcos Dantas, Denise Moura, Gabriela Raulino e Larissa Ormay, que mostra ser impossível entender o capitalismo contemporâneo sem compreender a lógica informacional espetacular que determina as demais relações de produção e apropriação de valor, pois um novo tipo de empresa comanda as demais, todas dependentes dos dados indispensáveis para o processo produtivo. O livro também desmonta os argumentos de exaltação à “economia do compartilhamento”, mostrando como o trabalho “compartilhado” acaba sendo apropriado privadamente pelas grandes plataformas.

A professora aproveitou para destacar a importância dos seminários promovidos pelo PolObs. “Esses eventos são uma excelente oportunidade para reunir jornalistas e investigadores em torno de temas que nos afetam diretamente. O debate foi muito bom e levantou questões que apontaram várias possibilidades de desdobramento. Não tem nada melhor do que sair de uma sessão dessas com a cabeça fervilhando de ideias”, disse a pesquisadora.

Sobre a pesquisadora

Sylvia Moretzsohn tem mestrado em Comunicação Social e doutorado em Serviço Social. Formou-se em 1981 e trabalhou como repórter nos anos 80 em O Globo, Jornal do Brasil, na sucursal de O Estado de S.Paulo, e no Ibase. Professora aposentada na Universidade Federal Fluminense e colaboradora deste Observatório da Ética Jornalística – objETHOS, também é investigadora do Observatório de Políticas de Ciência, Comunicação e Cultura (PolObs).

Atualmente, reside em Portugal, onde se dedica a averiguar a dinâmica da formação de crenças e convicções nas bolhas virtuais e as dificuldades e possibilidades do jornalismo nesse contexto.

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