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Com a Tese “Conexão Atlândica: branquitude, decolinialitudes e educomunicação em discursos de docentes de Joanesburgo, de Maputo e de São Paulo”, a pesquisadora Paola Diniz Prandini, diretora cultural da ABPEducom, teve seu nome anunciado entre os 97 doutores(as) que receberão menções honrosas do Prêmio CAPES de Teses 2023, iniciativa do Ministério da Educação que gratifica as melhores teses de doutorado defendidas em programas de pós-graduação brasileiros.
Com orientação de Maria Cristina Palma Mungioli, Professora Doutora da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), a tese de Paola Prandini buscou compreender os impactos oriundos da branquitude e das colonialidades nas práticas docentes de professores de escolas públicas do ensino básico de São Paulo, Maputo, capital de Moçambique, e de Joanesburgo, capital sul-africana. Para tal fim, a pesquisadora conversou com um grupo diverso de professores dessas três nacionalidades. “O que eu pude observar é que, infelizmente, há, ainda, impactos bastante negativos que esses docentes percebem no dia-a-dia das escolas onde trabalham, e também nos currículos com os quais lecionam. A tese traz a público 31 categorias de discussão crítica de branquitude e colonialidades que eu criei a partir da análise dos discursos desses educadores”, destacou a autora.
Para além de tal análise, o trabalho de Prandini propõe dois conceitos, pensados precisamente enquanto componentes de uma proposta de intervenção focada em transformar tal realidade, tendo sempre o paradigma educomunicativo como fio condutor: “Apresento o conceito ‘decolonialitude’ no sentido de que nós precisamos ter uma atitude crítica decolonial para poder colocar a decolonização em prática, e não só teorizar a respeito dela. Para isso precisamos da práxis, mais especificamente da práxis educomunicativa. Já ‘educomunidades’ para mim seriam esses espaços seguros, dialógicos, diversos, e que se balizem nos princípios humanitários afro-brasileiros”, afirma Prandini.
Comumente considerado o “Oscar da ciência brasileira”, o Prêmio CAPES de Teses foi criado em 2005, com o objetivo de reconhecer, nas mais variadas áreas de conhecimento, o trabalho de pesquisa no Brasil. Em 2023, 1.469 teses concorreram ao prêmio, tendo sido esse o maior número de submissões já registrado ao longo das 18 edições da premiação. Em relação a menção honrosa de seu trabalho, Paola Prandini destaca: “Não é um ganho só para mim, mas também para a minha orientadora e para o Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação (PPGCOM) da ECA/USP. Essa menção representa, também, um avanço: vivemos num Brasil que estruturalmente é racista, o que faz também com que as instituições muitas vezes reproduzam esse racismo, então acredito que uma menção honrosa para uma tese que tem esse tipo de temática nos dá alguma esperança de poder trabalhar em conjunto para uma sociedade mais justa e mais igualitária”.
A tese de Paola Prandidi pode ser acessada por meio do Banco de Dados Bibliográficos da Universidade de São Paulo, visitando o portal online Dedalus ou a Biblioteca Digital de teses e dissertações da universidade.