Pesquisa aponta possível eficácia do própolis no tratamento da covid-19, mas estudo ainda é limitado

Publicado originalmente em Nujoc Checagem por Thaís Guimarães. Para acessar, clique aqui.

Desde o início da pandemia da covid-19, o mundo tem se desdobrado em buscar remédios e tratamentos que possam ser eficazes contra a doença provocada pelo novo coronavírus. Infelizmente, ainda não há tratamento comprovadamente eficaz e grande parte das alternativas que aparecem sequer são estudadas pela ciência.

Nujoc Checagem teve acesso, por meio do Aplicativo Eu Fiscalizo, a uma mensagem compartilhada pelo WhatsApp onde se fala da eficácia do própolis no tratamento da covid-19.

O texto cita um estudo que teria comprovado que a substância produzida pelas abelhas pode reduzir o tempo de internação de pacientes acometidos pela doença.

Para checar a informação, nós encontramos o estudo, que foi conduzido por pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), do Instituto D’Or de Pesquisa e Educação (IDOR), do Hospital São Rafael e da empresa Apis Flora, cujos resultados foram publicados em janeiro deste ano na plataforma MedRxiv.

De fato, o estudo em questão aponta que houve redução no tempo de permanência hospitalar de pacientes com covid-19 que ingeriram própolis durante a internação. O resultado é fruto de ensaio clínico que contou com 124 participantes do Hospital São Rafael em Salvador (BA). Todos os pacientes fizeram o tratamento padrão, sendo que 40 pessoas receberam 400 mg/dia de própolis; 42 receberam 800 mg/dia de própolis; e 42 não receberam própolis.

O professor David de Jong, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, e um dos autores do estudo, falou sobre os resultados do ensaio clínico em uma matéria publicada no site da USP.

“A administração oral da substância foi segura, pois não houve eventos negativos associados ao uso. Além disso, a diminuição do tempo de internação após a intervenção foi significativa. O grupo controle, que não ingeriu própolis, ficou 12 dias hospitalizado após o início do tratamento. Já os grupos que receberam doses mais baixas e mais altas ficaram, respectivamente, 7 e 6 dias internados”, afirmou o professor.

No entanto, apesar de promissor, o resultado do estudo ainda não foi revisado por pares, ou seja, ainda não é possível dizer que a eficácia do própolis no tratamento da covid-19 é comprovada cientificamente.

“Os resultados, publicados como preprint (pré-publicação) em janeiro na MedRxiv, ainda não foram revisados por pares e, por isso, não devem ser usados para orientar a prática clínica”, diz o comunicado publicado no site da USP.

Diante disso, podemos concluir que a mensagem compartilhada no WhatsApp que aponta a eficácia do própolis não chega a ser falsa, contudo, ainda não deve ser compartilhada, uma vez que os estudos ainda estão em andamento.

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