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Na Conversa da semana, frisou a importância da realização da Conferência do Clima em Belém em 2025, citou ações de preparação em curso e o potencial do país na geração de energia limpa
Em um bate-papo nos jardins do Palácio da Alvorada, nesta segunda-feira (19/6) em Brasília (DF), o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu que a COP 30, a Conferência do Clima das Nações Unidas, a ser realizada em Belém (PA), em novembro de 2025, será diferente de todas as outras.
Na transmissão semanal do programa Conversa com o Presidente, na companhia do jornalista Marcos Uchôa, Lula alegou que, além da chance de trazer o mundo para ver de perto a maior floresta do planeta, a agenda ambiental aproximará a comunidade internacional e os chefes de estado das pessoas que vivem na região amazônica, sobretudo as mais pobres.
“Uma coisa é discutir a Amazônia no Egito; outra coisa é discutir a Amazônia em Berlim; outra coisa é discutir a Amazônia em Paris. Agora, não. Agora nós vamos discutir a importância da Amazônia dentro da Amazônia. Nós vamos discutir a questão indígenas, vendo os indígenas. Nós vamos discutir a questão dos povos ribeirinhos, vendo os povos ribeirinhos e vendo como eles vivem”, constatou o presidente. “É importante a gente discutir as palafitas. É preciso que, dentro dessa política ambiental, a gente não perca a noção de dignidade do povo pobre desse país, ou dos países em desenvolvimento que tenham as reservas florestais. Sempre que a gente falar da questão ambiental, nós temos que falar das pessoas que moram nessas regiões, que precisam viver dignamente”, sustentou.
“Porque, quando a gente fala em preservação, uma coisa que a gente tem que preservar são 50 milhões de pessoas que moram na Amazônia da América do Sul – e que são pessoas que querem viver dignamente; que querem comer, tomar café, almoçar, jantar; que querem passear; que querem se vestir”, prosseguiu Lula. “Tudo isso nós temos que cuidar, porque isso é garantir o meio ambiente. A gente não pode esquecer que, para cuidar do meio ambiente, começa cuidando do povo pobre que mora nessas regiões”.
É preciso que, dentro dessa política ambiental, a gente não perca a noção de dignidade do povo pobre desse país, ou dos países em desenvolvimento que tenham as reservas florestais. Sempre que a gente falar da questão ambiental, nós temos que falar das pessoas que moram nessas regiões, que precisam viver dignamente. LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Presidente da República
Lula citou que o Governo Federal começou um cronograma de concessões e parcerias para ajudar a transformar Belém em uma sede com capacidade para receber a COP. “É preciso ter uma rede hoteleira e a gente vai fazer uma drenagem no rio, para que navios (esses transatlânticos de turismo) possam atracar, para que a gente possa ter eles como hotel”, detalhou. “Vamos fazer convênio com o prefeito para fazer canal, em alguns lugares da cidade, e vamos também fazer a concessão do aeroporto (que está abandonado) para ser o grande palco do nosso encontro da COP 30 em 2025”, disse.
ENERGIA LIMPA – Outro ponto destacado por Lula foi a questão energética brasileira e todo o potencial do país para geração de energia limpa. “Da nossa energia elétrica, 87% é renovável – o mundo tem 27%. Da nossa matriz energética como um todo, envolvendo combustível, 50% da matriz energética brasileira é limpa e renovável. O restante do mundo só tem 15%. Então, se espelhem no Brasil, porque agora nós vamos fazer muito mais”, justificou.
Para o presidente, investimentos em outras fontes limpas elevarão o país a um novo patamar no cenário energético internacional. “Vamos investir muito em eólica, vamos investir muito em energia solar, vamos continuar investindo em biomassa e agora vamos investir muito em hidrogênio verde, porque o mundo está necessitando e o Brasil pode produzir para exportar hidrogênio verde para o mundo inteiro”.
“Queria até chamar atenção para que as pessoas comecem a ter certeza de que a questão climática é uma coisa verdadeira. Nós precisamos ter mais responsabilidade. É por isso que aqui, no Brasil, nós assumimos a responsabilidade de chegar ao desmatamento zero em 2030. Vai ser um trabalho muito grande, mas nós vamos cuidar do Pantanal, nós vamos cuidar da Caatinga, nós vamos cuidar do Cerrado, nós vamos cuidar da Mata Atlântica, para preservar aquilo que existe”, concluiu Lula.