Papa Francisco não disse que estupradores de crianças são ‘o povo escolhido de Deus’

Publicado originalmente em Agência Lupa por Evelyn Fagundes. Para acessar, clique aqui.

Circula nas redes sociais uma publicação afirmando que o Papa Francisco teria dito que estupradores de crianças são “o povo escolhido de Deus”. A Lupa analisou o conteúdo, que circula pelo WhatsApp, e descobriu que é falso. Confira a seguir o trabalho de verificação?:

Papa Francisco declara que estupradores de crianças são ‘o povo escolhido de Deus

– Texto da publicação que circula no WhatsApp

Falso


O Papa Francisco não declarou que estupradores de crianças são “o povo escolhido de Deus”. A publicação desinformativa deturpa trechos de uma conversa ocorrida durante o encontro do pontífice com jesuítas na Hungria, realizado na embaixada apostólica de Budapeste no dia 29 de abril de 2023. 

Na ocasião, quando questionado sobre como lidar com abusadores sexuais, o Papa disse que eles também eram filhos de Deus, apesar de serem inimigos. Destacou ainda que todos sentimos repulsa por eles, por nos identificarmos com o sofrimento das vítimas, e que “o abusador deve ser condenado, mas como um irmão”. “Eles merecem punição, mas também merecem cuidado pastoral”, declarou.

Passagens da conversa foram publicadas no site oficial de notícias do Vaticano, o Vatican News, e no site “La Civiltà Cattolica”. Em nenhum dos dois portais foi veiculada a falsa declaração do pontífice que circula nas redes sociais.

O texto publicado pelo site La Civiltà Cattolica traz a transcrição completa da resposta do Papa Francisco à pergunta sobre como lidar com abusadores sexuais: “Não é nada fácil. Hoje em dia entendemos que a realidade do abuso é muito ampla: há abuso sexual, abuso psicológico, abuso econômico, abuso contra migrantes. Você menciona o abuso sexual. Como abordamos, como falamos com os abusadores pelos quais sentimos repulsa? Sim, eles também são filhos de Deus. Mas como amá-los? É uma pergunta poderosa. O abusador deve ser condenado, de fato, mas como um irmão. Condená-lo é entender isso como um ato de caridade. Existe uma lógica, uma forma de amar o inimigo que também se expressa dessa maneira. E não é fácil entender e viver isso. O abusador é um inimigo. Cada um de nós sente isso porque nos identificamos com o sofrimento dos abusados. Quando se ouve o que o abuso deixa nos corações das pessoas abusadas, a impressão é muito poderosa. Até mesmo conversar com o abusador desperta repulsa; não é fácil. Mas eles também são filhos de Deus. Eles merecem punição, mas também merecem cuidado pastoral. Como oferecer isso? Não, não é fácil. Você está certo.”

No início de março, circulou nas redes sociais uma outra publicação que afirmava que o Papa Francisco teria dito que pedófilos teriam um lugar especial no céu. A Lupa analisou o conteúdo e concluiu que se tratava de um material falso. Também foi compartilhada, naquele mês, uma foto do pontífice com um casaco branco estiloso. Tratava-se, no entanto, de uma imagem gerada por inteligência artificial. No ano passado, circularam posts enganosos dizendo que o Papa havia negado a existência de Deus em um vídeo – o que é falso.

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