Publicado originalmente em Observatório de Comunicação Pública – OBCOMP. Para acessar, clique aqui.
A crise climática que atingiu o Rio Grande do Sul nos meses de maio e junho trouxe consigo um aumento da circulação de notícias falsas e peças de desinformação. Apesar disso, dentre os municípios do estado afetados pela calamidade, apenas a capital Porto Alegre promoveu uma iniciativa organizada de combate à desinformação. Essa constatação é da ação de extensão do Observatório da Comunicação Pública (OBCOMP/UFRGS), que está mapeando medidas desse tipo no contexto das enchentes que devastaram o território gaúcho.
A iniciativa “É Fake Não Compartilhe”, organizada pela prefeitura da capital, listou boatos e mentiras que circularam durante a crise, com seu desmentido. Os critérios para seleção das informações e os métodos de checagem, contudo, não foram disponibilizados.
Desde 6 de julho, o site está fora do ar por causa das limitações do período eleitoral, de acordo com a assessoria da prefeitura.
O levantamento do OBCOMP foi realizado entre 27 de abril e 26 de junho e considerou os sites e os perfis nas redes sociais Instagram e Facebook das 95 prefeituras de municípios que tiveram o estado de calamidade reconhecido pelo governo do Estado no decreto Nº 57.646, de 4 de maio de 2024.
Termos relacionados à desinformação estiveram presentes na comunicação dos agentes públicos durante o período. Nas redes sociais de 10 municípios foram encontradas menções a “fake news”, “desinformação” ou “notícias falsas”: Canoas, Estrela, Guaíba, Rio Grande, Venâncio Aires, Campo Bom, Igrejinha, Porto Alegre, Sapucaia do Sul e Três Coroas.
Nesses casos, os termos foram usados como estratégia de comunicação para apresentar desmentidos, esclarecer a população, alertar contra os perigos das notícias falsas e chamar a atenção para informações relevantes.
Para Fiorenza Carnielli, coordenadora executiva do OBCOMP, a apropriação desses conceitos no vocabulário de comunicação dos atores públicos indica respostas ao compromisso público de fornecer informações qualificadas à população, sobretudo em um período de calamidade, embora elas tenham sido incipientes.
“A exemplo da pandemia de Covid, nas enchentes do RS, vivemos um aumento expressivo de fake news, em mais um momento limite em que a informação significava segurança ou risco, vida ou morte. O combate à desinformação é papel da comunicação governamental, ainda mais nesse cenário. Por isso, chama a atenção que apenas 10% das prefeituras mapeadas tenham incorporado esse aspecto em sua comunicação nas redes sociais, no período”, analisa a professora.
Saiba mais sobre essa ação do OBCOMP aqui.