A REDE NACIONAL DE COMBATE À DESINFORMAÇÃO- RNCd Brasil uma organização virtual e informal composta por mais de 160 parceiros de todas as regiões do país e do exterior, além de cientistas, pesquisadores e especialistas em quase todas as áreas da ciência, vem a público esclarecer e contestar o deslocamento realizado pela campanha do atual presidente Jair Bolsonaro, da fala da coordenadora da RNCd, Ana Regina Rêgo, que em entrevista ao O Dia (https://odia.ig.com.br/ ) publicada às 19h32 da quinta-feira, 13 de outubro, afirmou que não concorda com a estratégia do Deputado Federal, André Janones (Avante) de contrapor o grande cenário de desinformação da extrema direita, também com desinformação.
A entrevista concedida ao O Dia foi dada em um contexto que se referia aos rumores com os quais o Deputado Janones tem jogado, como a especulação sobre o Collor de Melo e a questão dos Auxílios e não estava na pauta, a questão da fala do Presidente Bolsonaro acerca de meninas de 14 anos.
Nesse contexto, é válido esclarecer que existem três falas de Jair Bolsonaro sobre esse tema das meninas venezuelanas. A primeira teria sido realizada em 10 de abril de 2021 por Bolsonaro em uma casa onde viviam venezuelanas em São Sebastião ( DF) com transmissão pela CNN. A segunda seria a live da qual Bolsonaro participou na sexta-feira, 14 de outubro de 2022 no BATE-BOLA com o Presidente, quando se referiu ao episódio de 2021. Esta live foi retirada hoje pela manhã do canal no YouTube, e, segundo a mensagem que surge quando acessamos o link: “o vídeo foi removido por violar as diretrizes da comunidade do YouTube. E, por último, a live realizada pelo Bolsonaro logo depois da meia-noite deste domingo, dia 16 de outubro de 2022, para desmentir as acusações e acusar o André Janones e o PT de desinformação.
Diante do exposto, nós que compomos a Rede Nacional de Combate à desinformação-RNCd Brasil repudiamos todo e qualquer uso indevido das falas de nossos pesquisadores para subsidiar práticas também desinformativas. Reiteramos que a desinformação não se combate com mais desinformação, mas com educação midiática, com jornalismo de qualidade, com divulgação científica, com cultura, com combate à fome, com políticas públicas de acesso a educação, saúde e inclusão digital, dentre inúmeras outras possibilidades.
A extrema direita brasileira vem, há mais de uma década trabalhando intensamente através de um mercado de comunicação que somente atua com desinformação, para manipular mentes e comprar almas, através de diversas estratégias de atuação. Nosso trabalho na RNCd tem sido intermitente no sentido de combater toda e qualquer desinformação. Reiteramos que não concordamos que tal estratégia seja realizada por qualquer das partes que disputam o processo eleitoral e esperamos que tais episódios sejam esclarecidos, contudo, ressaltamos que não há parâmetros comparativos válidos entre o volume de desinformação que sai do mercado da extrema direita e aquilo que o André Janones vem fazendo. Isso tem se refletido inclusive, no número de ações de cada campanha junto ao TSE para retirar peças publicitárias e narrativas contendo desinformação nas redes sociais. Enquanto a campanha do candidato Lula tem um número maior de ações e portanto, um número maior de liminares concedidas, considerando as fake News que são propagadas sobre o candidato e seu partido, a campanha de Jair Bolsonaro tem apresentado um número bem inferior, o que se reflete também no pequeno número de liminares.
Por fim, destacamos que nosso trabalho tem sido no sentido de combater a desinformação que traz em sua composição discurso de ódio, racismo, machismo, misoginia, dentre outros componentes que convocam afetos e monopolizam as emoções de quem a recebe.
Cultivamos a esperança de um Brasil sem desinformação, com muita educação enquanto prática para liberdade, pensando, portanto, com Paulo Freire é com suas palavras que concluímos esta nota:
Não quero dizer, porém, que, porque esperançoso, atribuo à minha esperança o poder de transformar a realidade e, assim convencido, parto para o embate sem levar em consideração os dados concretos, materiais, afirmando que minha esperança basta. Minha esperança é necessária, mas não é suficiente. Ela, só, não ganha a luta, mas sem ela a luta fraqueja e titubeia. Precisamos da herança crítica, como o peixe necessita da água despoluída.
Rede Nacional de Combate à desinformação-Brasil