Não há provas de que grupo ligado a Frederick Wassef sacrificou crianças

Circula nas redes sociais a informação de que Frederick Wassef, advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), era líder de uma “seita satânica” responsável por sacrificar crianças na década de 1990. É falso.

Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que esse conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação​:

Sabe quem era esse cara [líder da seita satânica]? […] Frederick Wassef. […] Esse caso aconteceu em 92, em Curitiba. Foi um grupo de argentinos, praticantes de uma seita satânica, foram para o Brasil, foram pra região de Curitiba, Guaratuba, pra pegar criança e fazer ali o sacrifício que tinha que fazer

– Trecho de vídeo que circula no WhatsApp

Falso

Em 1992, Frederick Wassef foi interrogado no âmbito de investigações sobre o desaparecimento de crianças em Guaratuba (PR). À época, ele fazia parte de um grupo, o Lineamento Universal Superior (LUS), suspeito de envolvimento nos casos pela polícia. No entanto, no decorrer das investigações, nada foi provado: o advogado não foi denunciado e nem o grupo foi acusado formalmente de ter “sacrificado crianças”.

A história de que Wassef pertencia a uma “seita satânica” voltou a circular após publicações nas redes sociais recuperarem recortes de jornais de 1992 sobre o desaparecimento do menino Leandro Bossi, de 7 anos, em Guaratuba. À época, policiais suspeitavam que um grupo, do qual Wassef fazia parte, estava por trás desse caso.

A suspeita recaiu sobre o LUS porque seus seguidores estavam em Guaratuba na época dos desaparecimentos e chamavam a atenção por fazerem muitas atividades ao ar livre. O LUS era comandado por Valentina de Andrade e seu marido argentino, José Teruggi. À época, a imprensa descrevia o grupo como “seita satânica”.

De acordo com Ivan Mizanzuk, que produziu uma ampla investigação jornalística sobre o sumiço das crianças de Guaratuba (entre eles, o menino Evandro, que desapareceu dois meses após Leandro Bossi), nunca houve provas de que Valentina de Andrade e José Teruggi fossem os criminosos responsáveis pelo desaparecimento dos garotos. 

Inicialmente, a polícia considerou que Wassef seria o “divulgador” da seita, como descreve uma reportagem publicada à época. Ele chegou a prestar dois depoimentos no inquérito, como mostram documentos obtidos por Mizanzuk. Mas a investigação chegou à conclusão de que o advogado não tinha qualquer relação com o desaparecimento do menino Leandro Bossi. “Wassef nunca teve sequer prisão decretada”, reforça o jornalista.

Nada também foi provado contra Valentina de Andrade. Apesar de ter tido sua prisão temporária pedida pelo delegado responsável, a juíza que analisava o caso não aceitou as justificativas para tomar a medida, apontam documentos também obtidos por Mizanzuk.

Checagem similar foi produzida por Estadão Verifica. 

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