Menos de 3 entre 10 paulistanos se engajam politicamente, mas ativismo digital é destaque, aponta estudo

Publicado originalmente em Agência Bori. Para acessar, clique aqui.

Highlights

  • Pesquisa com 2.417 pessoas que votam na capital paulista aponta que 74% não participam de nenhum ambiente de engajamento coletivo (arena) sobre política
  • 15% dos entrevistados afirmam atuar na arena digital, por meio de mídias sociais, fóruns de discussão, consultas e pesquisas eletrônicas
  • A arena política digital concentra a maior proporção de indivíduos que participam de apenas uma arena, com quase metade (48,7%) de ativistas somente no digital

Apenas 26% dos eleitores paulistanos entrevistados em estudo sobre participação política e cultura democrática afirmam participar de algum ambiente de engajamento coletivo (arena) sobre política. A boa notícia é que o movimento de ativismo digital tem gerado uma maior participação política e de engajamento tanto em influenciadores quanto em cidadãos comuns. Os resultados estão publicados na edição de segunda (11) da revista “Brazilian Political Science Review” por pesquisadores do Instituto Sivis, organização sem fins lucrativos, voltada à promoção dos valores democráticos.

Os resultados revelaram que, embora a participação política seja escassa na capital (74,03% dos entrevistados não participam de nenhuma arena política), a participação política digital foi a principal arena de participação, com mais de 15% de respostas, acontecendo por meio de engajamento político em mídias sociais, fóruns de discussão, consultas e pesquisas eletrônicas, um dado que ressalta como as tecnologias digitais são altamente relevantes para a vida política da maior cidade brasileira. A pesquisa também destacou que a arena política digital é onde se concentra a maior proporção de indivíduos que participam de apenas uma arena, com quase 50% de ativistas somente no digital.

O questionário foi aplicado em 2019 junto a 2.417 participantes que residem e votam nas diferentes zonas de São Paulo, a partir de 16 anos. O objetivo do artigo publicado foi investigar a participação digital e a cultura democrática, buscando compreender dois aspectos: 1) se essa participação digital está substituindo outras formas de engajamento nos processos democráticos e 2) se os ativistas digitais compartilham de uma cultura política específica em relação a atitudes fora da rede.  O Índice de Democracia Local (IDL) utilizado neste artigo, segundo os autores, toma como base que o nível local funciona como uma “escola de democracia” e revela o que as pessoas pensam e se preocupam em seu cotidiano, buscando encontrar soluções para os problemas coletivos. As perguntas do IDL exploraram cinco dimensões: Processo Eleitoral; Liberdades e Direitos; Funcionamento do Governo Local; Participação Política; e a Cultura Democrática.

“A ascensão da democracia digital é uma realidade inevitável, o que tem ajudado a fomentar a participação da sociedade civil na vida pública. De acordo com alguns estudos, a relação entre as novas tecnologias digitais, a participação política e a cultura democrática afeta o uso diferente dessas tecnologias pelos cidadãos. Diante disso, quisemos entender esse processo em São Paulo e assim investigar a qualidade da democracia na cidade, o que serve de referência para o restante do país” explica Diego Moraes, um dos autores da pesquisa.

Ainda de acordo com Moraes, o ambiente digital não substitui outras formas de participação. A participação digital ajuda a garantir que os espaços cibernéticos incentivem a cultura democrática e as habilidades enquanto usuários de ambientes políticos. “O digital abre uma nova arena de participação para um número significativo de indivíduos que não participariam de outra forma. A participação digital complementa outras formas de participação em processos democráticos, sendo que os ativistas digitais ‘abraçam’ a cultura democrática de forma mais significativa do que os não ativistas. Contudo, há que se ressalvar que, em comparação com os ativistas que participam de diversas arenas, os ativistas digitais apresentam atitudes e valores democráticos menos desenvolvidos”, conclui.

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