Maioria das ações do Conselho da Meta foram sobre problemas no Sul Global

Publicado originalmente em *Desinformante por Matheus Soares. Para acessar, clique aqui.

O Conselho da Meta (Meta Oversight Board, em inglês) publicou recentemente o relatório anual com as principais ações realizadas em 2023. Ao todo, 53 decisões foram tomadas ao longo do ano passado pela equipe que monitora a moderação de conteúdos problemáticos no Facebook, Instagram e Threads. Do total de decisões, mais da metade se referiram a países da maioria global, também chamado de Sul Global. A publicação do documento vem após o conselho sofrer corte de investimentos da bigtech.

O conselho também descreveu que recebeu 398.597 apelos de todo o mundo, sendo 64% deles dos Estados Unidos, Canadá e Europa. Enquanto 12% das notificações vieram da América Latina, 12% do Pacífico e da Oceania, 5% da Ásia, 5% do Norte da África e Oriente Médio e 2% da África.

Mais de três quartos das notificações recebidas (78%) foram sobre postagens no Facebook, enquanto as publicações no Instagram representaram 22%. A expansão para o Threads, lançado no ano passado, é uma das prioridades do projeto para este ano.

De acordo com o relatório, a Meta fez progressos na implementação das recomendações realizadas pelo projeto, fornecendo pela primeira vez métricas de impacto. O conselho também afirmou que a partir das decisões realizadas, a bigtech também se comprometeu a uma série de iniciativas, como a criação de uma nova equipe de coordenação de crise para lidar com eventos de alto risco e eleições e o lançamento de uma ferramenta para informar aos usuários sobre penalidades que a conta já atingiu.

O documento vem em um momento em que o conselho tenta reforçar o seu valor e importância em meio a ameaças de retirada de apoio pela Meta, seu único financiador, e recebe críticas sobre lentidão e pouco impacto das decisões, como mostrou uma matéria recente do The Washington Post. No final de abril, a Meta fez cortes de equipe no projeto. Ao Núcleo, o pesquisador Ronaldo Lemos, um dos integrantes do Oversight Board, afirmou na época que as demissões não impactariam o trabalho do conselho. 

A reportagem do TWP também afirmou que o projeto enxerga na Lei de Serviços Digitais da União Europeia (DSA, na sigla em inglês), uma oportunidade para se firmar no cenário de governança digital internacional, à medida que mais empresas de tecnologia deverão procurar estar em conformidade com a lei europeia.

Conteúdos sintéticos serão prioridade em 2024

Os temas da Inteligência Artificial e dos conteúdos sintéticos, segundo o relatório, serão uma das prioridades do conselho para este ano junto com as questões eleitorais, em razão do megaciclo de eleições que o mundo está realizando desde janeiro.

“Olhando para 2024, prevemos um ano movimentado e impactante para o Conselho. Como cerca de metade da população mundial irá às urnas em 2024, o Conselho continuará a emitir decisões que se concentrem em como a abordagem da Meta às eleições e à inteligência artificial considera a liberdade de expressão e outros direitos humanos”, trouxe o relatório.

Além disso, o conselho irá se concentrar em explorar como as suas recomendações podem identificar e mitigar riscos sistêmicos criados por escolhas de design e por tratamento automatizado de conteúdo online, e nas questões com foco em usuários, como conteúdos rebaixados pela plataforma. O relatório, em inglês, está disponível no site oficial do Conselho da Meta.

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