Laboratório MIDIARS divulga relatório sobre desinformação e Covid-19 na mídia social brasileira

Publicado originalmente em Observatório da Comunicação Pública – OBCOMP. Para acessar, clique aqui.

O Laboratório Mídia, Discurso e Análise de Redes (MIDIARS) apresenta relatório sobre desinformação e Covid-19 na mídia social brasileira, com a sistematização dos resultados de um ano de pesquisas sobre o assunto. Ao longo de 2020, pesquisadores buscaram investigar os elementos característicos da desinformação no contexto brasileiro, marcado por crise sanitária e política, no qual a mídia social é um dos canais mais utilizados para o consumo de informação.

Na pesquisa, buscou-se entender como a desinformação sobre Covid-19 circula nos canais de mídia social, quais as características particulares desse tipo de discurso e como a circulação de desinformação se compara com os veículos de fact-checking e o jornalismo em geral. A partir das análises, também foram considerados possíveis modos de combate à desinformação.

Dentre os principais resultados, o relatório aponta que foram fundamentais  para o espalhamento da desinformação (1) o enquadramento político-partidário da pandemia e do vírus, potencializado pela polarização política; (2) a dificuldade do conteúdo verificado em circular dentro das bolhas polarizadas e extremizadas politicamente; (3) o alto engajamento dos usuários que compartilham desinformação; (4) o enquadramento do jornalismo declaratório como suporte do conteúdo desinformativo; (5) o papel de autoridades políticas e de saúde que legitimam o conteúdo problemático através de sua posição social ou cargo público; (6) a ação de veículos apócrifos hiperpartidários na produção e espalhamento desses conteúdos problemáticos; (7) a desconfiança em relação a vacinas em função do enquadramento político do tema; (8) a associação do discurso desinformativo ao discurso da violência através da promoção da xenofobia contra a China e asiáticos em geral.

O grupo de mais de dez pesquisadores de diversas áreas, incluindo Ciência Política, Sociologia, Comunicação, Ciência da Informação, Jornalismo, Ciência da Computação, também apresenta algumas recomendações para o combate à desinformação. Ressaltando a necessidade de ação urgente dos agentes institucionais e estatais na criação de campanhas contra esses conteúdos problemáticos que circulem não apenas na mídia social, mas também na tradicional, por conta da dificuldade de “furar as bolhas”; ações de letramento digital e fomento ao debate público com autoridades científicas sobre os temas-chave; cobrança de ações de combate à desinformação nas plataformas; responsabilização de agentes públicos na propagação e legitimação dos conteúdos falsos; ações dos veículos jornalísticos para evitar manchetes de baixa qualidade, de modo a impedir que sejam usados para dar credibilidade à desinformação.

O relatório com os resultados detalhados pode ser acessado aqui: Desinformação covid midiars 2021 e apresentação em PDF.

Rede de combate à desinformação – O Observatório da Comunicação Pública integra a Rede Nacional de Combate à Desinformação (RNCD), projeto lançado em setembro de 2020 que reúne pesquisadores, projetos, coletivos e instituições de todo o Brasil. Para saber mais sobre a RNDC, acesse aqui

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