Jovem do MST não é o homem que destruiu relógio nos ataques em Brasília

Publicado originalmente em Agência Lupa por Catiane Pereira. Para acessar, clique aqui.

Circula pelo WhatsApp uma publicação dizendo que o homem que destruiu o relógio dado de presente a Dom João VI, em 1808,  durante os atos golpistas no dia 8 de janeiro em Brasília, seria integrante do Movimento Sem Terra (MST). 

A foto mostra o criminoso que foi flagrado quebrando a peça rara e também outra imagem de um homem com a camiseta do MST, sugerindo que se trata da mesma pessoa. Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que esse conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação?:

“O bandido que quebrou o relógio de Dom João 6° trazido ao Brazil em 1808”

– Legenda de foto que circula no WhatsApp

Falso

A informação analisada pela Lupa é falsa. O homem que foi flagrado quebrando o relógio raro dado de presente a Dom João VI, em 1808, não é a mesma pessoa que aparece usando a camiseta do MST. Em nota, a assessoria de imprensa do movimento desmentiu que o invasor do Palácio do Planalto e o jovem sejam a mesma pessoa. 

O texto afirma que a pessoa associada ao criminoso é militante do MST do Paraná, estudante e mora com a família em um acampamento. Ainda ressalta que sua identidade será preservada para evitar “um risco ainda maior à sua imagem”. “É uma montagem grosseira, que mostra, mais uma vez, a utilização da mentira como uma das principais armas da extrema-direita brasileira”, afirma trecho da mensagem.

O homem que destruiu o relógio ainda não foi identificado oficialmente pelas autoridades. Além disso, na própria peça desinformativa, é possível verificar que ele possui características faciais que o diferenciam do integrante do MST, principalmente as sobrancelhas. 

Comparativo mostra características físicas diferentes entre o militante do MST e homem que invadiu o Palácio do Planalto

Em entrevista ao jornal Correio Braziliense, o curador dos acervos do Palácio do Planalto e do Palácio do Alvorada, Rogério Carvalho, informou que a peça rara pode ter sido um presente do rei da França Luís XIV ou uma compra da corte portuguesa. O relógio foi desenhado por André-Charles Boulle e fabricado pelo relojoeiro francês Balthazar Martinot no final do século 17.

Ela é uma das duas peças de Martinot existentes. A outra está exposta no Palácio de Versalhes, na França e possui metade do tamanho do relógio destruído.

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