Indígenas lançam “Entre a terra e o tempo” em Mato Grosso do Sul como resultado de política pública estadual em Educomunicação

Publicado originalmente em ABPEDUCOM. Para acessar, clique aqui.

– Colaboração: Lisa Rodrigues (Campo Grande, MS)

No último dia 31 de janeiro, na sede do Programa Cidadania Viva (PCV), em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, houve o pré-lançamento do documentário “Entre a terra e o tempo” que trata da cultura indígena da etnia Terena com destaque para os costumes, gastronomia, hábitos, sob a perspectiva da Educomunicação, por meio de depoimentos de anciões indígenas que relataram histórias, dificuldades e avanços dos indígenas moradores da Aldeia Limão Verde, em Aquidauana (MS), distante cerca de 140 Km de Campo Grande, com uma população de aproximadamente 1,7 mil indígenas. A produção do filme incluiu a participação de quatro jovens indígenas: Mariana Cabral, Suelver Barros, Andrey Pinto e Adenailson Cândido que contaram com formação em educomunicação a partir de cursos com educomunicadores como Carlos Lima, Suéller Costa e Lisa Rodrigues.

A ideia principal do documentário, de acordo com a produtora e roteirista indígena, Mariana Cabral, foi apresentar a Aldeia Limão Verde (MS) enfatizando os valores culturais da etnia Terena. “Esse foi um pré-lançamento. O lançamento oficial acontecerá na própria Aldeia como forma de devolutiva para que todos os participantes do documentário e moradores possam assistir e se reconhecer na telona. É o que aprendemos com a prática educomunicativa, a comunicação como Direitos Humanos e a preservação da identidade indígena como preservação cultural-histórica brasileira”, explicou Mariana Cabral.

Os jovens indígenas da etnia Terena: Adenailson Cândido, Suelver Barros, Mariana Cabral e Andrey Pinto junto com a Coordenadora Executiva do Programa Cidadania Viva, Lisa Rodrigues (centro). Imagem: Divulgação 

Reconhecido na região como um educomunicador indígena Terena, o jovem Suélver Barros, em 2023, participou de uma Oitiva sobre Educomunicação junto ao Ministério da Educação (MEC) e entregou uma carta ao governador Eduardo Riedel (PSDB) pedindo ampliação do programa em outras regiões, sem contar em sua participação na cobertura educomunicativa do Acampamento Terra Livre (ATL), em Brasília, entre outras ações. “O que eu mais gostei do documentário foram as entrevistas com os anciões, pois um deles é meu avô, então, foi muito emocionante, retratar um pouco da trajetória de nossa cultura indígena, o documentário como forma de comunicação de nossa história”, disse Suélver Barros.

Segundo a pesquisadora e socio-fundadora da ABPEducom, Lisa Rodrigues, que também é Coordenadora Executiva do Programa Cidadania Viva, o PCV tem uma proposta plural e transversal como a própria Educomunicação. “Eu vim conhecer um indígena aqui em Mato Grosso do Sul no Programa e ampliar a voz desses jovens da etnia Terena, por meio de material audiovisual com o “Vozes Indígenas”, culminando na iniciativa e autoria do documentário, totalmente elaborado por eles, desde captação de imagens, edição, trilha musical, legenda, tradução é um orgulho sem fim. Sem contar, no bolsista coordenador-geral do Programa, outro indígena Terena, Maicom Alves”, contou a coordenadora.

Os jovens pretendem conseguir patrocínio para irem até outras aldeias registrar as histórias e culturas de outras etnias. O trailer do documentário estará disponível no perfil do Programa Cidadania Viva MS no Instagram, a partir de 20 de fevereiro.

Em 2023 a política pública é mencionada no MEC e no MinC

Tal política foi indicada, em 2023, pelo Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de São Paulo (NCE-USP) e pela ABPEducom como referência em Educação Não-Formal no combate à violência e promoção da paz (ODS 16) junto ao Ministério da Educação (MEC).

A Oitiva junto ao MEC, em maio, teve como representante do Programa o jovem indígena Suelver Barros, ouvido e questionado pelos integrantes do Ministério. Por ser a única do país em uma pasta que envolve o Turismo, o Esporte e a Cultura, destaca-se pela incorporação da “expressão comunicativa pelas Artes”, área de intervenção da Educomunicação, como um dos pilares. Em agosto de 2023, as intervenções em bairros por meio da técnica do muralismo e grafite, a música, a literatura, foram apresentadas em Seminário no Ministério da Cultura (MinC) como uma política referência no diálogo entre Educomunicação, Cultura e Educação, mencionada pelo vice-presidente da ABPEducom Maurício Vírgulino.

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