Publicado originalmente em *Desinformante. Para acessar, clique aqui.
O governo federal lançou neste fim de semana o #BrasilContraFake, “um portal de combate à desinformação”. A campanha destaca, em seu site oficial, que quer “te ajudar a checar fatos em relação ao Governo Federal. No entanto, em entrevista ao *desinformante, o secretário de Comunicação Institucional, Emanuel (Maneco) Hassen de Jesus, afirmou que o projeto “não tem a intenção ser uma agência de checagem”.
Emanuel de Jesus ressaltou que a iniciativa tem o objetivo de chamar atenção para as fake news e demonstrar a preocupação do governo com a disseminação de informações falsas. Algumas das justificativas para o novo portal, segundo o secretário, são a redução drástica dos números de vacinação e os impactos da desinformação sobre políticas públicas.
O #BrasilContraFake reproduz checagens de agências de fact-checking como Fato ou Fake, do grupo Globo, e também esclarece informações por iniciativa própria, sempre abordando temas que se referem a políticas públicas e que ganhem repercussão, de acordo com o secretário de Comunicação Institucional.
Logo após o lançamento, especialistas criticaram, no Twitter, a apropriação da ferramenta do fact checking pelo governo e a ausência de informações sobre a metodologia utilizada. Cristina Tardáguila, fundadora da Agência Lupa, afirmou no seu perfil pessoal que não existe checagem de informação sem transparência nem metodologia, bem como não existe fact-checking governamental.
“Essa apropriação do termo [fact-checking] é indevida e ofensiva. O que o governo faz é propaganda”, comentou Tardáguila. A postagem foi replicada por Pablo Ortellado, professor de Gestão de Políticas Públicas da Universidade de São Paulo, reforçando o posicionamento. “Verificação precisa ser independente”, lembrou o docente.
O combate à desinformação contra políticas públicas também é um dos objetivos da Procuradoria Nacional de Defesa da Democracia, ligada à Advocacia Geral da União. No entanto, de acordo com Emanuel Hassen, o #BrasilContraFake busca o combate cotidiano à desinformação e não a regulamentação da temática.