Publicado originalmente em Agência Lupa por Catiane Pereira. Para acessar, clique aqui.
ircula pelo WhatsApp uma foto que mostra uma criança, que veste uma blusa com as cores da bandeira do Brasil, sendo revistada por um agente policial com um detector de metais.
A legenda afirma que a foto teria sido registrada no dia 8 de janeiro deste ano, durante a invasão e depredação de prédios públicos em Brasília, e que a menina seria um “alvo da polícia” e uma “terrorista mirim”. Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que esse conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação?:
‘Terrorista’ mirim é revistada e alvo da polícia em atos de Brasília
– Legenda de foto que circula no WhatsApp
Falso
A informação analisada pela Lupa é falsa. A foto mostra, na verdade, uma brincadeira entre o agente e a criança. A cena foi extraída de um vídeo, gravado na entrada do Palácio da Alvorada, em Brasília, onde aparecem três crianças, além da menina da foto, se divertindo por serem revistadas pelo guarda com detector de metais.
No vídeo completo, uma mulher narra a cena e, em meio a risadas, brinca ao dizer que as crianças fizeram questão de serem revistadas pela segurança. Além das quatro crianças, também estão no local quatro mulheres, que sorriem durante a abordagem.
A gravação circula, ao menos, desde 12 de janeiro, quando foi publicada por uma conta no Kwai.
Também é possível confirmar que não se trata de uma ação ocorrida no dia 8 de janeiro porque não houve qualquer relato na imprensa de ataques no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República. O espaço fica a cerca de 4,5 quilômetros da Praça dos Três Poderes, que concentra os prédios atacados do Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal (STF).
O trajeto feito pelos golpistas, em nenhum momento, incluiu o Palácio da Alvorada, que fica em sentido oposto. No dia dos ataques, os golpistas deixaram o quartel-general do Exército e seguiram pelo Eixo Monumental até a Praça dos Três Poderes.
Vale ressaltar, ainda, que todos os presos foram encaminhados ao ginásio da Polícia Federal, e não ao Alvorada.
A própria Polícia Federal informou, no dia 10 de janeiro, que liberou 599 detidos por questões humanitárias. Essas pessoas, em geral, eram idosos, pessoas com comorbidades, em situação de rua e mães acompanhadas de crianças.
Destaca-se ainda que, após ser suspensa a visitação de turistas ao Alvorada em maio de 2019, a residência oficial do chefe do executivo teve acesso liberado em pelo menos dois momentos. Em agosto e em setembro de 2022, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) liberou a entrada de apoiadores ao local.