Publicado originalmente em Agência Bori. Para acessar, clique aqui.
Highlights
- Science Pulse e IBPAD mapearam os perfis mais influentes na discussão sobre a Covid-19 no Brasil e no exterior
- Biólogo Átila Iamarino, jornalista Luiza Caires, biomédica Mellanie Fontes-Dutra e os médicos Otavio Ranzani e Marcio Bittencourt são os principais influenciadores brasileiros sobre Covid-19
- “Barreira” do idioma dificulta que brasileiros façam parte da propagação de informação na comunidade internacional
A ciência em 2020 teve grande destaque no noticiário e nas redes sociais, impulsionada pela necessidade de entendermos a pandemia de Covid-19 e os problemas apresentados por esse evento mundial que já matou mais de 1,5 milhão de pessoas e interrompeu a normalidade de nossas vidas. Para entender quem são os principais interlocutores da ciência em atividade, o Science Pulse e o Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD) lançam relatório inédito com análise da rede de interações da comunidade científica no Twitter nesta segunda (14).
A rede de interações analisada foi desenvolvida a partir da base de dados do Science Pulse, ferramenta de social listening focada na comunidade científica. Foram analisadas 213.469 publicações de 1.200 cientistas, especialistas e organizações científicas sobre a COVID-19 feitas no Twitter entre os meses de junho e outubro de 2020. A análise das interações e mapeamento dos principais influenciadores foi feita pelo IBPAD, utilizando as métricas de autoridade, articulação e popularidade.
Os principais influenciadores brasileiros sobre a Covid-19 identificados foram: o biólogo Atila Iamarino (@oatila), a jornalista Luiza Caires (@luizacaires3), o médico epidemiologista Otavio Ranzani (@otavio_ranzani), a biomédica Mellanie Fontes-Dutra (@mellziland) e o cardiologista Marcio Bittencourt (@MBittencourtMD).
Com exceção de Luiza Caires, que é jornalista usuária da Bori, os demais especialistas influenciadores estão ou já estiveram no banco de fontes da Bori sobre Covid-19 — uma relação de centenas de cientistas que estão atendendo a imprensa de todo o país na cobertura da pandemia. Mellanie Fontes-Dutra, via Bori, por exemplo, atendeu jornalistas para tratar da divulgação da vacina Sputinik V pela Rússia, dos testes da Coronavac e dos casos de reinfecção por Covid-19. Já Ranzani e Bittencourt assinaram artigo de opinião inédito na Bori sobre imunidade de rebanho, que embasou reportagens na área.
Os principais influenciadores foram selecionados levando em consideração fatores de autoridade, articulação na rede e de popularidade — esse último como critério de desempate. A métrica de autoridade demonstra quais são os perfis centrais na difusão de informações na rede e, por consequência, os mais respeitados e/ou com maior prestígio. A de articulação avalia quais perfis são a ponte entre diferentes grupos, com a maior capacidade de difundir suas mensagens. Já a popularidade reflete o possível alcance de determinado perfil na rede. Ou seja, diz respeito à quantidade de seguidores que um perfil possui.
O estudo identificou cinco grupos principais da comunidade científica que discutem COVID-19 no Twitter e os perfis de destaque em cada um deles. Os grupos são: “Pesquisadores e instituições brasileiras”, “Comunidade global de cientistas”, “Perfis internacionais de articulação”, “Pioneiros sobre Covid-19 nas redes” e “Instituições de ponta”. Além de indivíduos cientistas, figuram nesta lista os perfis no Twitter das revistas Nature, Science e The Lancet, e das universidades de Oxford, Stanford, Princeton, da Flórida e Johns Hopkins, entre outras.
O trabalho também divulga um ranking por medida de influência. Em cada grupo, foram identificados 10 perfis de destaque nas métricas de popularidade, autoridade e articulação.
“Todo cientista possui, devido à sua formação, um capital social próprio que o diferencia daqueles que não possuem a mesma formação. Analisar uma rede de cientistas leva em consideração essa premissa para verificar quais são aqueles que, para além dessa autoridade consolidada, possuem também validação e prestígio concebidos pelos seus pares”, explica Pedro Meirelles, pesquisador do IBPAD e bacharel em Estudos de Mídia pela UFF. Para Meirelles, um dos principais achados do relatório foi uma hipótese já esperada: a “barreira” do idioma dificulta que brasileiros façam parte da propagação de informação na comunidade internacional. “Ou seja, é reflexo de um problema muito mais abrangente, que coloca o Brasil à parte a rede colaborativa de conhecimento”, diz.
Já o jornalista e coordenador do Science Pulse, Sérgio Spagnuolo, entende que o mapeamento das vozes mais influentes da comunidade científica serve para identificar fontes reconhecidas, de credibilidade, nas quais jornalistas e o público em geral podem se apoiar. “Quando há muita informação ? e, pior, desinformação ? nas redes sociais, é importante contarmos com cientistas, especialistas e comunicadores da ciência que possuem o reconhecimento de seus pares. É isso que o estudo nos mostra”, complementa.
É importante notar que o ranking não é uma versão absoluta sobre o cenário de comunicação científica nas redes sociais. “Por critérios metodológicos adotados, muitos cientistas, especialistas e organizações de renome não entraram no Top 5, o que não significa que nossa lista para por aí. Cientistas como Natalia Pasternak e Paulo Lotufo possuem bastante autoridade nas redes, ao passo que os professores Thomas Conti e Marcia Castro contam com boa articulação entre seus pares, e isso só mostra como a comunidade de influenciadores da ciência se desenvolveu muito no Brasil neste ano”, disse Spagnuolo.
Veja abaixo o ranking dos principais influenciadores:
Grupo 1 – Pesquisadores e instituições brasileiras
- Atila Iamarino (@oatila)
- Luiza Caires (@luizacaires3)
- Otavio Ranzani (@otavio_ranzani)
- Mellanie Fontes-Dutra (@mellziland)
- Marcio Bittencourt (@MBittencourtMD)
Grupo 2 – Comunidade global de cientistas
- Eric Topol (@EricTopol)
- Natalie E. Dean, PhD (@nataliexdean)
- Michael Mina (@michaelmina_lab)
- Carlos del Rio (@CarlosdelRio7)
- Maria Van Kerkhove (@mvankerkhove)
Grupo 3 – Perfis internacionais de articulação
- Nature (@nature)
- Science Magazine (@ScienceMagazine)
- University of Oxford (@UniofOxford)
- The Lancet (@TheLancet)
- Prof. Akiko Iwasaki (@VirusesImmunity)
Grupo 4 – Pioneiros sobre Covid-19 nas redes
- National Institutes of Health (@NIH)
- Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health (@JohnsHopkinsSPH)
- Journal of the American Medical Association (@JAMA_current)
- Johns Hopkins University (@JohnsHopkins)
- Johns Hopkins Center for Health Security (@JHSPH_CHS)
Grupo 5 – Instituições de ponta
- Stanford University (@Stanford)
- Princeton University (@Princeton)
- Stanford Medicine (@StanfordMed)
- University of Florida (@UF)
- Chan Zuckerberg Biohub (@czbiohub)